ESTADOS UNIDOS

Trump tem três passaportes confiscados pelo FBI

Documentos teriam sido levados durante operação de busca e apreensão na mansão Mar-A-Lago na última semana e agora o ex-presidente não pode viajar para fora dos EUA

Donald Trump, ex-presidente dos EUA.Créditos: Gage Skidmore from Peoria, AZ, United States of America / Commons Wikimedia
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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contou para a imprensa nesta segunda-feira (15) que teve três passaportes confiscados pelo FBI durante operação em sua mansão de Palm Beach, na Flórida, a uma semana.

Trump qualificou a operação como um “saque” na mansão Mar-A-Lago, realizado “de madrugada e de armas em punho”. Sem seus passaportes, Trump transforma-se no primeiro ex-presidente dos EUA impedido de viajar para fora do país. Dos três passaportes de Trump confiscados durante a operação, um estava expirado e entre os demais, um seria seu passaporte pessoal e o outro um passaporte diplomático ainda válido.

Relembre o caso

No último dia 8 de agosto o FBI fez a operação de busca a apreensão na mansão Mar-A-Lago, em Palm Beach, na Flórida, onde Trump fixou residência após sua saída da Casa Branca. O FBI estaria buscando documentos subtraídos por Trump ao fim de seu mandato, entre eles, documentos que envolvem a segurança nacional dos EUA e documentos referentes ao processo que The Donald enfrenta sobre a invasão do Capitólio de Washington em janeiro do ano passado.

Ao contrário do que diz o ex-presidente, os agentes teriam entrado em Mar-A-Lago trajando ternos ao invés dos tradicionais coletes com a inscrição da corporação; às dez da manhã, ao invés do costumeiro horário das cinco e meia da matina para esse tipo de operação; e em um dia em que Trump não estava no local, pois visitava a sua Trump Tower, em Nova Iorque. Tudo isso para evitar constrangimentos e exposições tanto do ex-presidente, como das investigações que correm em sigilo. As informações da imprensa local dão conta de que nem o atual presidente do país, Joe Biden, teria ciência do cumprimento do mandato.

Extremamente irritado com a situação, Trump não guardou silêncio e convocou horas depois uma coletiva de imprensa para comentar a entrada dos oficiais na mansão. Ele não quis explicar o porquê da operação em sua casa, mas reclamou que nenhum outro ex-presidente havia sido tratado daquela forma e que coopera com as investigações a respeito da invasão do Capitólio de Washington, ocorrida em 6 de janeiro do ano passado, por seus seguidores. Um assunto que ele fez questão de recordar naquele momento.

No final das contas, Trump acusa as investigações de serem “politizadas” por estarem ocorrendo meses antes das primárias das eleições legislativas do ano que vem, marcadas para 8 de novembro. The Donald estaria ensaiando sua "volta triunfal" à política nesse período. Acontece que foi ele mesmo quem tornou a operação pública e entregou seu próprio interesse político relacionado a elas.

Na última sexta-feira (12) a imprensa estadunidense anunciou que o FBI pode processar Trump por traição e espionagem contra seu próprio país, além de divulgar sem muitos detalhes a lista documentos roubados por Trump no apagar das luzes de seu mandato como presidente. Trump surrupiou até mesmo documentos sigilosos que listam o arsenal nuclear dos EUA.

Além disso, as investigações sobre a invasão do capitólio em 6 de janeiro de 2021, que contam com a cooperação entre parlamentares e investigadores profissionais do Estado, confirmaram o desaparecimento de documentos do Arquivo Nacional ao fim da gestão Trump. Entre esses documentos haveria registros de telefonemas do ex-presidente e de pessoas do seu círculo mais próximo relacionados com o fato investigado. Ainda não é de conhecimento público se foram encontrados em Mar-A-Lago ou não.

Anterior ao confisco de inúmeras coleções de documentos sigilosos, Trump também foi obrigado, mediante processo judicial, a devolver 15 caixas de arquivos ao Arquivo Nacional após sua saída. As investigações se concentram em materiais subtraídos, por isso a operação de busca e apreensão. Trump, assim como sua cópia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro, alega que houve fraudes nas eleições dos EUA, em especial as que o tiraram da Casa Branca.

A 'CPI do Capitólio', como apelidamos no Brasil, já prendeu Steve Bannon - guru de Trump ao estilo de Olavo de Carvalho com Bolsonaro no Brasil - e mira Eduardo Bolsonaro em suas investigações. Parlamentares ainda afirmam que Trump não queria que seus seguidores se retirassem no capitólio após 6 horas de invasão. Ele teria sido forçado a pedir a saída dos manifestantes.