RETOMADA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Olaf Scholz: “Estamos muito felizes com o Brasil de volta à cena mundial, vocês fizeram falta, meu caro Lula”

Chanceler alemão esteve em Brasília onde se reuniu com o presidente Lula; Estiveram em pauta o combate às mudanças climáticas, o acordo entre Mercosul e UE, e as preocupações sobre a invasão russa da Ucrânia

Olaf Scholz, chanceler alemão, e o presidente Lula.Olaf Scholz: “Estamos muito felizes com o Brasil de volta à cena mundial, vocês fizeram falta, meu caro Lula”Créditos: Ricardo Stuckert
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O chanceler alemão Olaf Scholz esteve em Brasília nesta segunda-feira (30) onde fez uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir interesses bilaterais, ou seja, aqueles que interessam ao Brasil e à Alemanha. Estiveram em pauta o combate ao desmatamento na Amazônia e às mudanças climáticas, as negociações em torno do acordo entre Mercosul e União Europeia e questões de relações internacionais, em especial no atual conflito entre Rússia e Ucrânia.

A partir das 19 horas, Lula e Scholz deram uma coletiva para a imprensa para esclarecer sobre os pontos debatidos. O presidente brasileiro não quis fazer uma fala inicial, mas respondeu em seguida aos questionamentos dos jornalistas. A apresentação do que foi discutido ficou por conta do chanceler alemão, que já começou seu discurso demonstrando solidariedade ao Brasil em relação aos ataques bolsonaristas ocorridos em 8 de janeiro nas sedes dos três poderes em Brasília.

“Estar aqui hoje me deixa emocionado porque as imagens da invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal de três semanas atrás ainda estão presentes na nossa memória e nos deixam consternados. Ainda há resquícios da destruição, o que nos mostra que precisamos defender a democracia. Gostaria de expressar e reafirmar ao presidente Lula que podem contar com a total solidariedade da República Federal da Alemanha. A democracia brasileira é forte e soube resistir a esse ataque”, declarou Scholz.

Em seguida o chanceler convidou Lula para ir a Alemanha a fim de dar prosseguimento aos temas debatidos nesta tarde, entre eles o combate às mudanças climáticas, a proteção da Amazônia, a ampliação de investimentos em energia renovável, além de transformações em ambos países rumo a sociedades mais justas.

“Ao Brasil cabe um papel central na proteção do clima do nosso planeta. Sem a proteção das florestas tropicais no Brasil e na América Latina não vamos conseguir alcançar as metas do Acordo de Paris e garantir as bases da nossa existência. Portanto, é uma boa noticia para o planeta o presidente Lula estar empenhado em proteger a Amazônia e acabar com o desmatamento. está disposto a lutar contra o desmatamento”, avaliou o alemão.

Outro assunto abordado são as negociações em torno dos acordos entre o Mercosul e a União Europeia. Lula e Scholz concordam que seja de interesse mútuo e esperam que haja avanço em breve na questão. “O acordo deve abrir o caminho para a transformação das nossas economias, fortalecer a cooperação tecnológica e industrial, assim como a proteção climática. Também deve elevar padrões em matéria de direitos trabalhistas e sociais”, disse o chanceler alemão. Lula defendeu que o acordo seja assinado ainda neste semestre.

Por fim, Scholz comentou o último assunto tratado com Lula: a invasão russa na Ucrânia. “Essa guerra não é uma questão europeia, mas algo que diz respeito a todos. Vejo uma violação flagrante do direito internacional, que é base da cooperação no mundo atual. Ninguém pode mexer em fronteiras de forma violenta. A soberania deve ser inviolável. Enquanto democracias, é importante que possamos nos unir nessa questão para evitar a lei do mais forte. É por isso que para mim é uma enorme alegria ver o Brasil de volta. Estamos muito felizes com o Brasil de volta à cena mundial. Vocês fizeram falta, meu caro Lula”, afirmou.

Mais tarde, o presidente reafirmou o compromisso que o Brasil tem com a paz, prometeu esforços nas negociações pelo fim do conflito e garantiu que não enviará armamentos para a guerra. "O Brasil não tem interesse em passar munições para que sejam utilizadas na guerra entre Ucrânia e Rússia. O Brasil é um país de paz. Nesse momento, precisamos encontrar quem quer a paz, palavra que até agora foi muito pouco utilizada", comentou Lula.