Neste sábado (6), o Rei Charles III será coroado em uma cerimônia na Abadia de Westminster, em Londres, capital da Inglaterra. No mesmo local já ocorreram 38 coroações, incluindo a da Rainha Elizabeth II (1926-2022), mãe do novo monarca britânico que morreu aos 96 anos em 8 de setembro do ano passado. O ex-príncipe de Gales será o 39º monarca a participar do ritual milenar no mesmo local e o 40º monarca britânico a ser coroado.
A cerimônia de coroação de um novo rei ou rainha é um espetáculo e celebração de uma tradição que permanece inalterada a mil anos. O primeiro rei inglês a ser coroado na Abadia de Westminster foi Guilherme, o Conquistador (1028-1087), em 1066.
Te podría interesar
Um novo monarca só é coroado vários meses após sua ascensão, que é quando um novo rei ou rainha sucede ao trono após a morte do antecessor ou antecessora. Este intervalo de tempo permite organizar o intrincado e antigo ritual e realizar os ensaios para a cerimônia.
Nos últimos nove séculos, a cerimônia de coroação quase sempre ocorreu na Abadia de Westminster, em Londres. Normalmente, o ritual é conduzido pelo Arcebispo da Cantuária (Canterbury, em inglês), que é o líder espiritual da Comunhão Anglicana, a terceira maior congregação cristã do mundo em número de fiéis, atrás da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa.
Te podría interesar
O atual Arcebispo da Cantuária é Justin Welby, entronizado em março de 2013. Ele é o 105º de uma linha que remonta mais de 1.400 anos.
Objetos sagrados
Uma parte central da cerimônia de coroação é a apresentação ao novo rei ou rainha de objetos sagrados que representam os poderes e responsabilidades do monarca. É a chamada Regalia da Coroação.
Os quatro itens da Regalia da Coroação são os mais importantes da coleção das Joias da Coroa e inclui a Coroa de Santo Eduardo, a Coroa do Estado Imperial, o Cetro do Soberano com Cruz e o Orbe do Soberano. Há ainda mais dois itens usados durante a cerimônia, a Colher e a Ampola da Coroação.
Coroa de Santo Eduardo
O objeto de ouro maciço é usado pelo monarca durante a cerimônia de coroação. Pesa 2,07 kg e é decorado com rubis, ametistas e safiras. Foi feito para a coroação de Charles II em 1661 como um substituto para a coroa medieval derretida em 1649, após a execução de Charles I. A coroa medieval perdida datava do século 11 e pertencia ao santo real Eduardo, o Confessor. A Coroa de Santo Eduardo foi usada pela última vez para coroar a Rainha Elizabeth II, em 1953.
Coroa do Estado Imperial
Esse item foi forjado para a coroação do avô de Charles III, o Rei George VI (1895-1952), em 1937, para substituir uma coroa feita para a Rainha Vitória (1819-1901). O objeto é cravejado com 2.868 diamantes, além de várias joias famosas. Inclui a Safira de Santo Eduardo, que dizem ter sido usada em um anel por Eduardo, o Confessor (1003-1066). Também inclui o diamante Cullinan II, a segunda maior pedra cortada do grande Diamante Cullinan, o maior diamante já descoberto. A Coroa do Estado Imperial é usada pelo monarca para deixar a Abadia de Westminster após a cerimônia de coroação.
Cetro do Soberano com Cruz
O objeto foi feito para a coroação de Charles II (1630-1685), em 1661, e tem sido usado em todas as coroações desde então. Inclui o diamante Cullinan I, o maior diamante lapidado incolor do mundo. Em 1911, a tradicional joalheria Garrard montou o diamante no Cetro do Soberano. O diamante é tão grande que o Cetro precisou ser reforçado para suportar seu peso.
Orbe do Soberano
Esse item é uma representação do poder do monarca e simboliza o mundo cristão com a cruz colocada em um globo. Pesa 1,32kg e é montado com esmeraldas, rubis e safiras rodeados por diamantes e pérolas. Durante o serviço de coroação, o Orbe é colocado na mão direita do monarca. É então colocado no altar-mor antes do momento da coroação.
Colher e Ampola da Coroação
O item mais antigo da Regalia da Coroação é a Colher da Coroação do século XII, única peça de ourivesaria real que sobreviveu daquele século. Durante a cerimônia de coroação, a colher é usada para ungir o monarca com óleo sagrado. A ampola ou frasco de ouro contém o óleo sagrado. A cabeça da águia é removível com uma abertura no bico para despejar o óleo na colher. (Leia abaixo sobre o ritual de unção).
Coroação do Rei Charles III
A cerimônia de coroação de Charles III vai refletir o papel do monarca na atualidade e vai olhar para o futuro, enquanto está enraizada em tradições e pompa de longa data.
A consorte do rei, A Duquesa da Cornualha, Camilla, também será coroada em uma cerimônia semelhante, mas mais simples. Ela será ungida e coroada e vai receber uma versão menor do Cetro com a Cruz. A Coroa da Rainha Maria I (1516-1558) será usada para a Coroação da Rainha Consorte na Abadia de Westminster.
A cerimônia de coroação da monarquia britânica, tradicionalmente, apresenta música, orações e hinos em várias partes.
Reconhecimento e Juramento
As pessoas presentes à cerimônia na Abadia de Westminster são questionadas se reconhecem o novo monarca e respondem com 'God Save The King' ou 'God Save The Queen'. O monarca, então, assina um juramento no qual promete governar de acordo com a lei e com misericórdia. O monarca usa o manto carmesim do Estado.
Após o juramento, o novo rei senta-se na Cadeira da Coroação, feita para o rei Eduardo I (1239-1307), em 1300. A cadeira abrigou historicamente a Pedra do Scone, também conhecida como "a Pedra do Destino". Trata-se de um objeto antigo associado aos reis da Escócia. Desde 1996, ele é mantido no Castelo de Edimburgo, a menos que seja necessário em uma coroação, como neste sábado.
Unção
O monarca é, então, ungido usando o Colher da Coroação com o óleo sagrado contido na Ampola. A Colher da Coroação é o item mais antigo da insígnia da Coroação. O coro tradicionalmente canta 'Zadok, o Sacerdote' de Handel durante este momento mais sagrado da coroação.
Investidura e Coroação
A unção é seguida pela vestimenta do monarca com o manto de tecido dourado chamado Supertúnica e o mais longo Manto Imperial. O monarca é então apresentado com outros itens da Regalia da Coroação. A cerimônia culmina com a colocação da Coroa de Santo Eduardo na cabeça do monarca que veste, então, o manto de veludo roxo e usa a mais leve Coroa do Estado Imperial pelo resto do serviço.
Homenagem
Esta é a parte final da coroação. O novo monarca passa para a cadeira do trono e altos funcionários do Reino Unido prestam homenagem ao monarca recém-coroado. Eles colocam as mãos nos joelhos do monarca, juram lealdade, tocam a coroa e beijam a mão direita do monarca.
Procissão
O dia da coroação começa com uma procissão do Palácio de Buckingham à Abadia de Westminster no Gold State Coach. Esta carruagem tem sido usada em todas as coroações desde a de Guilherme IV (1765 -1837), em 1831. Após o serviço, tradicionalmente há uma procissão pelas ruas de Londres, o que permite que o maior número possível de pessoas veja o monarca recém-coroado.
Fonte: Royal Collection Trust