Uma reportagem do jornal britânico The Guardian publicada nesta terça-feira (28) revelou que o ex-chefe do Mossad agência de inteligência de Israel, Yossi Cohen, ameaçou a antiga procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda.
Bensouda estava conduzindo uma investigação sobre crimes de guerra e crimes contra a humanidade em territórios palestinos ocupados pelas forças israelenses em 2021.
Segundo o periódico britânico, Cohen se encontrou com Bensouda e chegou a enviar recados oferecendo proteção ou, caso contrário, "algo de ruim" poderia acontecer com ela ou com sua família.
Funcionários do TPI presentes na reunião afirmam que Cohen teria dito a ela: “Você deveria nos ajudar e deixar-nos cuidar de você. Você não quer se envolver em coisas que possam comprometer sua segurança ou a de sua família", afirma.
De acordo com o Guardian, as autoridades israelenses até tentaram usar material comprometedor obtido sobre o marido de Bensouda para descreditá-la e pressioná-la.
A investigação de Bensouda foi aberta em 2021 e seus dados foram posteriormente usados para complementar o pedido de prisão feito por Karim Khan, atual dono do cargo na corte.
Joseph Kabila, ex-ditadora do Congo, apoiou a medida do Mossad por também considerar Bensouda uma inimiga. A ideia era tentar, de qualquer maneira, brecar o trabalho do Tribunal Penal Internacional.
Em 2020, para tentar barrar outras investigações de Fatou contra crimes dos EUA no Afeganistão, a procuradora do TPI foi sancionada pelos EUA de Donald Trump.
De acordo com funcionários da corte, em nenhum momento a membra do alto-comissariado de Gâmbia para o Reino Unido se intimidou com as ameaças do Mossad.