O magnata egípcio Ibrahim al-Organi, controverso personagem do conflito em Gaza, multiplica sua fortuna desde o início da guerra, em outubro deste ano, usando a sua influência para movimentar pessoas e mercadorias que entram e saem do enclave. Ele já faturou milhões de dólares com uma espécie de “lista VIP” de refugiados. A atividade o levou a ser conhecido como o “Rei das Travessias”.
As fronteiras de Gaza estão atualmente rigidamente controladas. A única saída do território passa pela empresa Hala Tourism Services, de al-Organi. A empresa, que foi criada em 2019, teria supostos vínculos com os serviços de segurança do Cairo e, por conta disso, passou a registrar os nomes dos palestinos na lista egípcia de viajantes aprovados para entrar no país e operar o transporte na fronteira, em Rafah, até a capital do Egito.
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Um palestino que reside no Egito e tenta retirar a família da Faixa de Gaza, afirmou ao Globo que “para uma pessoa normal em Gaza, havia, antes da guerra, poucas opções para sair de lá. Era preciso ser estudante ou comprovar a necessidade de receber tratamento médico fora do enclave. Nesses casos, a pessoa iria até um escritório do governo e solicitaria a permissão. Se tivesse uma razão válida, eles dariam uma data para a viagem. Você não podia viajar em qualquer dia. Sem esses motivos, era recomendado procurar essa empresa. Antes da guerra era mais rápido, porque menos pessoas viajavam. Agora, sei de casos em que o processo demorou um mês”.
Sobrepreço com a guerra
O serviço não é novo, mas após a guerra as taxas aumentaram mais de 1.900%. Antes os preços variavam entre US$ 250 a US$ 350 por pessoa (R$ 1,2 mil a R$ 1,7 mil), hoje eles flutuam entre US$ 5 mil a US$ 10 mil (R$ 25,6 mil a R$ 51,2 mil), e US$ 2,5 mil por criança (R$ 12,8 mil).
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Segundo o portal Middle East Eye, a empresa de al-Organi faturou em média US$ 2 milhões por dia apenas em abril. Foram ao menos US$ 58 milhões (R$ 298,1 milhões) de faturamento, com cerca de 10,1 mil adultos e 2,9 mil crianças cruzando a fronteira. Até o fim deste ano, caso a média de abril se mantenha, a Hala pode lucrar mais de meio bilhão de dólares (R$ 2,5 bilhões).
Com informações do Globo