De Caracas -- "As sanções unilaterais causam grandes prejuízos à população dos países afetados. Além disso, não atingem seus supostos objetivos, tornam-se obstáculos para os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos".
A fala, do presidente Lula, é uma das mais importantes citações na campanha da Venezuela para denunciar as sanções econômicas dos Estados Unidos, que estão completando dez anos de existência.
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O governo de Nicolás Maduro aproveita o Seminário Internacional de Desenvolvimento Econômico, em andamento no teatro Teresa Carreño, em Caracas, para apresentar seus argumentos.
Na última década, de acordo com o governo local, a Venezuela se tornou o sexto país do mundo em número de indivíduos sancionados, o quinto com entidades bloqueadas, o quarto com navios alvo de sanções e o terceiro em aeronaves que não podem deixar seu espaço aéreo.
O prejuízo para a economia local estaria entre U$ 24 e 30 bilhões de dólares.
A primeira punição foi adotada pelo Congresso dos Estados Unidos em dezembro de 2014, quando foi promulgada a Lei de Defesa dos Direitos Humanos e da Sociedade Civil da Venezuela. Em março do ano seguinte, Barack Obama formalizou as sanções, alegadamente contra a repressão do governo Maduro a manifestações da oposição.
DRIBLE
A Venezuela usou suas relações com a China, Rússia e o Irã para driblar as sanções.
Rússia e Irã são os paises mais sancionadas do planeta, também por iniciativa dos Estados Unidos.
Depois de amargar uma profunda crise econômica, que resultou num grande êxodo de venezuelanos, a situação melhorou, com a previsão do FMI de que o crescimento do PIB será de 4,2% em 2024.
Ao menos na capital, já não se vê desabastecimento. Há filas de consumo nos bairros de classe média.
O boicote econômico dos EUA, com apoio de governos como o da Colômbia, custou caro a bens da Venezuela no Exterior.
Só a eleição de Gustavo Petro pôs fim à entrega da Monómeros, fabricante de fertilizantes na Colômbia, subsidiária da petroquímica estatal venezuelana, ao grupo liderado pelo ex autointitulado presidente Juan Guaidó.
CITGO E OURO
Nos Estados Unidos, no entanto, segue pairando a ameaça de que a jóia da coroa da estatal PDVSA, a Citgo, será vendida em leilão para cobrir dívidas da Venezuela.
A Citgo controla refinarias e uma rede de mais de 4.000 postos em 29 estados dos EUA. Vale mais de U$ 13 bi e gera U$ 2,8 bi em lucros anuais.
Além disso, o Banco da Inglaterra retém 31 toneladas de ouro que fazem parte das reservas internacionais de Caracas.
Hoje, a Venezuela é alvo de 441 medidas de bloqueio dos EUA, 108 do Canadá, 70 do Panamá, 56 da Suiça, 55 da União Europeia e 36 do Reino Unido.
A Assembleia Geral das Nações já condenou as sanções encabeçadas pelos EUA. Recentemente, o governo da China disse que elas são ilegais.