O candidato republicano à Casa Branca, que será formalizado na semana que vem, está tentando se afastar do Projeto 2025, da Fundação Heritage, que propõe uma "Revolução sem sangue" nos Estados Unidos.
Numa postagem em rede social de sua propriedade, Donald Trump disse desconhecer o projeto, mas se contradisse em seguida ao afirmar que algumas das ideias contidas no plano são "ridículas e abismais".
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O projeto tem 922 páginas e foi escrito por um think tank de extrema-direita, que tem fortes ligações com Trump e seu entorno.
Os autores do projeto já afirmaram que pretendem usar Trump como veículo para tornar realidade suas ideias.
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Sentindo uma oportunidade eleitoral, o presidente Joe Biden instou seus seguidores no X a dar um google no site do Projeto 2025.
Ele é apresentado assim:
Não basta que os conservadores ganhem as eleições. Se quisermos resgatar o país das garras da esquerda radical, precisamos tanto de uma agenda governamental como das pessoas certas, prontas para levar a cabo esta agenda no primeiro dia da próxima administração conservadora.
DEEP STATE
O projeto prevê um ataque ao que os trumpistas definem como Deep State, o que resultaria na extinção ou redução do Departamento de Educação, Departamento de Segurança Interna e de agências federais como a Administração Oceânica e Atmosférica (NOOA).
As seis agências filiadas a ela são acusadas de fazer parte de "uma operação colossal, que se tornou um dos principais impulsionadores da indústria de alarmes sobre mudanças climáticas e, como tal, é prejudicial para o futuro dos EUA".
Pela proposta, escrita por centenas de conservadores convocados pela Heritage, o presidente assumiria maior controle sobre o Departamento de Justiça e o Banco Central seria extinto.
O que hoje equivale ao Ministério dos Transportes nos EUA seria privatizado.
O plano fala em influenciar as escolhas de um futuro governo republicano em todas as esferas, colocando partidários do projeto nos diversos escalões da administração.
Apesar de Trump e aliados terem se afastado do Projeto, a própria Fundação Heritage já propagandeou sua influência sobre o primeiro mandato do republicano, afirmando que em 12 meses Trump tinha adotado 64% das recomendações do think tank:
Um ano após tomar posse, o presidente Donald Trump e a sua administração adotaram quase dois terços das recomendações políticas do “Mandato para a Liderança” da Fundação Heritage. A série “Mandato para a Liderança” inclui cinco publicações individuais, totalizando aproximadamente 334 recomendações políticas exclusivas.
INFLUÊNCIA DE BILIONÁRIOS
Financiados por bilionários, os think tanks como a Fundação Heritage privatizaram a formulação de políticas públicas nos EUA, incidindo diretamente no Orçamento.
No caso do Projeto 2025, sob o véu de "defender a família", a Heritage prega o Estado mínimo, a consequente redução de impostos e o forte investimento no complexo industrial militar.
Na cota da defesa da família, o plano é proibir a pílula do dia seguinte, limitar os direitos dos transgênero e fragilizar a educação pública.
Na política externa, a ênfase é em conter a China, considerada "o mais significativo perigo para a segurança, a liberdade e a prosperidade dos Estados Unidos".
Cortar o orçamento das agências de ajuda externa dos EUA é outro objetivo.
Elas seriam veículo para promover ideias "woke", uma palavra recentemente adotada por conservadores para definir ideias progressistas, especialmente aquelas que defendem a retificação de injustiças históricas.
Outra proposta importante prega a modernização e a ampliação do arsenal nuclear dos Estados Unidos, abrindo novas oportunidades de negócio para o complexo industrial militar -- num mundo em que já existe múltipla capacidade de destruir o planeta.