Em estados dos EUA onde a maconha medicinal e a recreativa são legais, menos pessoas estão recorrendo a receitas para medicamentos usados ??para tratar ansiedade, os chamados ansiolíticos. É isso que aponta um estudo publicado em um importante periódico científico.
"Meus colaboradores e eu queríamos entender como as leis de maconha medicinal e recreativa e as aberturas de dispensários de maconha afetaram a taxa em que os pacientes preenchem as prescrições de medicamentos anti-ansiedade entre aqueles que têm seguro médico privado", explica o professor assistente de Políticas Públicas do Instituto de Tecnologia da Geórgia Ashley Bradford, em artigo publicado no The Conversation,
Os medicamentos analisados incluem os benzodiazepínicos, como Valium, Xanax e Ativan, entre outros; antipsicóticos, antidepressivos e barbitúricos, que são sedativos, e medicamentos para dormir.
"Encontramos evidências consistentes de que o aumento do acesso à maconha está associado a reduções nos preenchimentos de prescrições de benzodiazepínicos", pontua Bradford.
Segundo a pesquisa, em estados onde as leis de cannabis medicinal estavam em vigor, a taxa de preenchimento de prescrições para benzodiazepínicos caiu 12,4% em comparação com estados que não permitiam nenhuma forma de maconha legal. Já nos locais onde o uso da cannabis recreativa era legal, a queda foi ainda maior: 15,2%.
Contudo, em estados onde a maconha medicinal era legalizada, a taxa de prescrições de antidepressivos aumentou em 3,8%, enquanto as de antipsicóticos aumentaram em 2,5%.
O que significam os resultados?
Ashley Bradford adverte sobre a possibilidade de se estabelecer relações de causalidade a partir dos resultados do estudo. "Nossa pesquisa não esclarece se as mudanças nos padrões de dispensação levaram a mudanças mensuráveis ??nos resultados dos pacientes"
"Há algumas evidências de que a maconha atua como um tratamento eficaz para ansiedade. Se esse for o caso, afastar-se do uso de benzodiazepínicos – que está associado a efeitos colaterais negativos significativos – em direção ao uso de maconha pode melhorar os resultados do paciente", diz o pesquisador.
Bradford aponta que as descobertas têm implicações importantes para sistemas de seguros, prescritores, formuladores de políticas e pacientes. "O uso de benzodiazepínicos, assim como o uso de opioides, pode ser perigoso para os pacientes, especialmente quando as duas classes de medicamentos são usadas juntas", destaca.
O artigo original está aqui e o estudo neste link