PRÊMIO NOBEL DA PAZ

Entenda por que Trump perdeu o Nobel da Paz e saiba: ele já está inscrito para 2026

Apesar disso, o prêmio de 2025 ficou mesmo no campo da direita; a vencedora foi María Corina Machado, opositora de Nicolás Maduro na Venezuela

Donald Trump.Créditos: CHRISTOPHER FURLONG / POOL / AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2025, apesar de ter feito uma campanha pública intensa pela honraria. O prêmio, anunciado nesta sexta-feira (10) em Oslo, na Noruega, foi concedido à líder da oposição venezuelana María Corina Machado, reconhecida por sua oposição ao governo de Nicolás Maduro.

A derrota, no entanto, não encerra as ambições de Trump. O ex-presidente já foi formalmente indicado ao Nobel da Paz de 2026 por países como Israel, Camboja e Paquistão, segundo informações oficiais do comitê.

Em setembro, durante uma reunião com a cúpula militar norte-americana, Trump afirmou que seria “um insulto para o país” se não recebesse o prêmio. No mesmo mês, ao discursar na Assembleia Geral da ONU, ele voltou a mencionar a premiação, dizendo ter “encerrado sete guerras” — declaração contestada por especialistas.

“Todos dizem que eu deveria ganhar o Nobel da Paz por cada uma dessas conquistas. O que me importa não é ganhar prêmios, é salvar vidas”, afirmou o presidente durante o discurso.

Comitê reage: “Laureados são repletos de coragem e integridade”

Durante a coletiva de imprensa em Oslo, o Comitê Norueguês do Nobel foi questionado sobre as declarações e a campanha pública de Trump. Sem citar nomes, o porta-voz destacou que a decisão do grupo não sofre influência de pressões políticas ou midiáticas.

“Em toda a longa história do Prêmio Nobel da Paz, já vimos todos os tipos de campanhas. Recebemos milhares de cartas dizendo quem deveria ganhar, mas nossas decisões se baseiam apenas no testamento de Alfred Nobel”, declarou.
“A sala onde nos reunimos é repleta de retratos de laureados — uma sala cercada de coragem e integridade.”

O comitê, formado por cinco membros, trabalha em reuniões trancadas em Oslo para evitar influências externas. O vice-presidente, Asle Toje, já havia declarado anteriormente que “campanhas de influência costumam ter efeito negativo” nas deliberações.

“Alguns candidatos pressionam muito, e não gostamos disso”, afirmou Toje, em referência indireta a Trump.

“Não é o perfil de um presidente pacífico”

De acordo com o testamento de Alfred Nobel, o prêmio deve ser concedido à pessoa “que mais, ou melhor, fez para promover a amizade entre as nações”. Em 2025, 338 indicações foram registradas — 244 pessoas e 94 organizações, o maior número desde 2016. A lista completa é mantida em sigilo por 50 anos.

Para Nina Graeger, diretora do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo, o perfil de Trump diverge do espírito do prêmio.

“Ele retirou os EUA da Organização Mundial da Saúde e do Acordo de Paris sobre o clima, além de iniciar uma guerra comercial contra antigos aliados”, afirmou à Reuters. “Não é exatamente isso que esperamos de um presidente pacífico ou de alguém comprometido com a promoção da paz.”

Ainda assim, Graeger reconhece que o republicano pode ganhar força na disputa de 2026 caso consiga mediar um cessar-fogo duradouro na Faixa de Gaza e contribuir para o fim da guerra na Ucrânia.

Campanha pode atrapalhar

A campanha pública de Trump pelo Nobel — que inclui publicações em redes sociais e compartilhamento de artigos defendendo sua indicação — pode, paradoxalmente, reduzir suas chances.

O Comitê reforçou que a escolha de María Corina Machado reflete o tipo de atuação que o prêmio busca enaltecer: “coragem, integridade e compromisso com a paz e os direitos humanos”.

“O comitê se guia por esses valores, não por campanhas de autopromoção”, concluiu o porta-voz.

Sobre o prêmio

  • 338 indicações em 2025 (244 pessoas e 94 organizações);
  • A lista de indicados é sigilosa por 50 anos;
  • O vencedor recebe medalha, diploma e prêmio equivalente a R$ 6,3 milhões.
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