Uma delegação de autoridades ucranianas reuniu-se diretamente nos Estados Unidos com executivos das empresas Raytheon e Lockheed Martin.
O governo de Volodymir Zelenski nem faz mais questão de disfarçar: deixa claro que quer um quid-pro-quo, reciclando ajuda econômica do Ocidente em enormes lucros para o complexo-industrial-militar comandado pelo Pentágono.
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O encontro aconteceu às vésperas de nova visita de Zelenski à Casa Branca, em que Donald Trump pode anunciar o fornecimento dos mísseis mais sofisticados do arsenal estadunidense, os Tomahawk, à Ucrânia.
Fabricada por um cartel de empresas que inclui General Dynamics, McDonnell Douglas, Hughes Aircraft Company e Raytheon Missiles & Defense, a versão mais sofisticada do míssil custa U$ 4 milhões a unidade.
Com alcance de até 2.500 quilômetros, os mísseis dariam à Ucrânia a capacidade de atingir com precisão alvos nas profundezas da Rússia, especialmente aeroportos militares e instalações da produção e distribuição de gás e petróleo.
Hoje, a Alemanha já fornece mísseis de precisão Taurus à Ucrânia, assim como Reino Unido e França liberaram o uso dos Storm Shadow.
Dinheiro à vista
Para convencer Trump, Zelenski está balançando diante da Casa Branca um acordo pelo qual os ucranianos torrariam U$ 50 bi na produção conjunta de drones com os Estados Unidos.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sugeriu que a entrega dos mísseis Tomahawk equivale à entrada dos EUA diretamente no conflito:
A questão, como antes, é esta: quem pode lançar esses mísseis? Só os ucranianos podem lançá-los, ou são os soldados estadunidenses que tem que fazer isso? Quem está determinando o alvo desses mísseis? O lado dos EUA ou os próprios ucranianos?
As respostas são óbvias.
As ações da Raytheon tiveram uma alta de mais de 25% no último ano.
A Lockheed Martin, fabricante dos caças F-35, está desenvolvendo drones de última geração que poderiam ser utilizados pela Ucrânia em dois a três anos.
Outra empresa do grupo converteu uma versão do helicóptero Black Hawk em um drone cargueiro, a partir do qual poderiam ser lançados enxames de drones de reconhecimento e mísseis de ataque.
Longe do marketing
No terreno, o governo Zelenski enfrenta um inverno de muitos apagões, desde que a Rússia multiplicou os ataques aéreos à infraestrutura de energia elétrica da Ucrânia.
Tropas russas avançam lentamente em direção a outra cidade estratégica, Kupiansk.
Zelenski demitiu o prefeito de Odessa, um de seus críticos internos, alegando que ele tem um passaporte russo. O presidente instalou um governo militar na cidade portuária.
Acostumado ao mundo do marketing, Zelenski projeta esperança numa eventual vitória militar sobre a Rússia sempre falando em planos futuros, enquanto sua popularidade lentamente se esvai.
Segundo pesquisa divulgada pelo diário ucraniano Kiev Independent, só 25% dos entrevistados disseram que ele deve permanecer na presidência depois da guerra, com 14% afirmando que ele deve ser processado criminalmente.
Pelo levantamento, a aprovação a Zelenski está em 60%, com oposição de 35%.
As Nações Unidas estimam hoje que a reconstrução da Ucrânia vai custar meio trilhão de dólares, duas vezes e meia o PIB do país. Mais de seis milhões de ucranianos votaram com os pés e hoje vivem no Exterior. Há 2 milhões de deslocados internos.
Em outras palavras, por conta da guerra o Tesouro da Ucrânia já está comprometido pelas próximas gerações.