Milhões de estadunidenses foram às ruas hoje em 2.600 cidades protestando contra Donald Trump, na sequência do que foi batizado de Dia Sem Rei. As manifestações aconteceram dentro e fora dos Estados Unidos.
Os organizadores formam uma imensa coalizão que vai de sindicalistas a grupos LGBTQI+. As imagens vistas hoje fazem relembrar os grandes protestos contra a guerra do Vietnã nos anos 60 do século passado.
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A reação nervosa de partidários de Donald Trump começou pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt:
O principal eleitorado do Partido Democrata é composto por terroristas do Hamas, imigrantes ilegais e criminosos violentos.
Tal retórica tem relação com o estrondoso sucesso numérico dos protestos, com multidões ocupando as ruas de Los Angeles a Nova York.
As ameaças de Trump de intervenção com tropas federais em cidades governadas por democratas, como Portland e Chicago, forneceram combustível para a oposição.
A Casa Branca fala em inimigo interno na mesma frase em que denuncia parceiros comerciais históricos dos EUA e ameaça invadir a Venezuela.
O chanceler brasileiro Mauro Vieira, em recente conversa com o secretário de Estado Marco Rubio, teria tentado intermediar a crise. A narrativa de bolsonaristas é de que os esforços do governo Lula teriam sido rejeitados.
Guerra à vista?
A Venezuela deu início à mobilização em massa da população civil para lutar em eventual invasão dos Estados Unidos.
O treinamento inclui as milícias ligadas à distribuição de alimentos, comitês de bairro e ao PSUV, o principal partido de sustentação ao governo.
“Quem pensa que esta é uma situação que pode ser resolvida jogando duas bombas e depois todos se rendendo não nos conhece. Não tem a menor ideia do que é feito o povo da Venezuela", disse o ministro do Interior, Diosdado Cabello.
Nos últimos dias, os Estados Unidos voaram bombardeiros B-52 próximos à Venezuela.
Os aviões tem alcance de 14 mil quilômetros sem reabastecimento e podem carregar até 32 toneladas de explosivos.
Depois dos vôos, segundo o Times, o governo Trump autorizou a CIA a derrubar o governo de Nicolás Maduro.
"Isso nunca foi visto, sempre o fizeram, mas nunca houve governo anterior, desde que a CIA existe, que disse publicamente que mandava a CIA matar, derrotar e acabar com países", reagiu Maduro, listando os golpes da agência no Irã, Guatemala, República Dominicana, Brasil e Chile.
De acordo com monitores de tráfego aéreo, ao menos dois B-52 voaram desde sua base na Louisiana até a costa da Venezuela, onde circularam algumas horas sobre águas internacionais, mas dentro do perímetro monitorado pelos radares venezuelanos.
O New York Times registrou o deslocamento de tropas e a presença de caças F-35 e de drones de reconhecimento Reaper em Porto Rico.
Em Saint Croix, uma das ilhas Virgens estadunidenses, um radar monitora os vôos no Caribe.
Mísseis Tomahawk
A frota naval dos EUA foi deslocada para supostamente combater o tráfico de drogas: USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson; o navio de assalto anfíbio USS Iwo Jima e os de transporte de docas USS San Antonio e USS Fort Lauderdale; o cruzador USS Lake Erie e o navio de combate costeiro USS Minneapolis-Saint Paul; o submarino de ataque rápido USS Newport News, o MV Ocean Trader e o destroier USS Stockdale.
Cinco dos navios estão armados com o míssil mais sofisticado do arsenal estadunidense, o Tomahawk.
A operação, que envolve cerca de 10 mil homens, teria o objetivo de sufocar o chamado Cartel dos Sóis, que os EUA acusam Nicolás Maduro de liderar.
Donald Trump autorizou ataques a barcos suspeitos de transportar drogas, o que já matou ao menos 27 pessoas. Dois sobreviventes serão devolvidos a seus países de origem, Colômbia e Equador.
O único morto identificado até agora é Chad Joseph, morador de Trinidad e Tobago, de 26 anos de idade. A família sustenta que ele era pescador.
O governo da Venezuela diz que a operação naval dos EUA é uma artimanha de Washington na tentativa de assumir o controle das maiores reservas de petróleo do mundo.