Elon Musk colocou os acionistas da Tesla diante de um ultimato: aprovar seu novo pacote de remuneração ou aceitar que ele deixe o comando da montadora. “A Tesla vale mais do que todas as outras montadoras juntas. Qual desses CEOs você gostaria que comandasse a Tesla? Não serei eu”, afirmou o bilionário em uma postagem no X (ex-Twitter).
A postagem foi uma resposta a um usuário e acionista da empresa de veículos elétricos. "Se a capitalização de mercado da Tesla atingir apenas US$ 2 trilhões nos próximos 10 anos, o pacote salarial proposto pagaria ao CEO aproximadamente US$ 20 bilhões por essa 'conquista'", disse Romain Hedouin. "Isso representaria um crescimento anual de aproximadamente 3,8% em relação ao preço atual das ações (marco de US$ 2 trilhões / capitalização de mercado atual de US$ 1,38 trilhão). Isso mal superaria a inflação e teria um desempenho consideravelmente inferior ao do S&P 500", argumentou.
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"Desculpe, Tesla, alguns de nós (e, supostamente, a ISS também) simplesmente não achamos que um desempenho tão inferior ao do S&P 500 valha a pena pagar a alguém 20 bilhões de dólares do valor da empresa", disse ainda, fazendo referência à Institutional Shareholder Services (ISS), uma das mais influentes agências de consultoria de voto corporativo do mundo, que recomendou aos acionistas que recusassem o que pode ser o maior plano de remuneração já concedido a um chefe de empresa. "Como fã, adoro a Tesla e quero que ela tenha sucesso. Como acionista, não quero que a Tesla pague a mais pelo seu CEO."
Assembleia de acionistas da Tesla
O impasse será decidido em uma assembleia marcada para 6 de novembro, em um dos momentos mais delicados da história da companhia. A Proposta 4 pode render a Musk até US$ 1 trilhão se metas ambiciosas forem atingidas e, além dessa definição, haverá uma nova votação sobre seu antigo pacote salarial de US$ 56 bilhões, considerado ilegal pela Justiça de Delaware, o que levou o executivo a tentar transferir a sede da Tesla para o Texas.
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As propostas vão muito além de um simples reajuste. Uma outra consultoria, a Glass Lewis, considera a Proposta 3 "particularmente preocupante", pois vincula a concessão de 208 milhões de ações ao bilionário à criação de um fundo de 60 milhões de ações para todos os outros funcionários da Tesla. Os analistas apontam ainda que a iniciativa só é necessária devido à ação anterior do conselho, que drenou o fundo de ações dos funcionários e o entregou a Musk. A consultoria sugere que os acionistas rejeitem a proposta e que a empresa apresente uma outra, separada, para reabastecer o fundo de funcionários.
O fundo dos trabalhadores, atualmente vazio, foi drenado em parte por um prêmio de US$ 22 bilhões concedido recentemente a Musk, e o conselho agora condiciona sua recomposição à aprovação de novos benefícios para o bilionário. No total, Musk poderia receber mais de 630 milhões de novas ações, contra apenas 60 milhões para toda a força de trabalho da companhia.
Retomada de poder
Como aponta matéria do ArenaEV, Musk busca recuperar poder dentro da Tesla. Após vender bilhões em ações para financiar a compra do X, sua participação na empresa caiu de 25% para 13%. O empresário afirmou que “não se sente confortável” com essa fatia e quer voltar ao nível anterior.
Caso os acionistas recusem o plano, ele ameaça levar os principais projetos de inteligência artificial e robótica para suas outras companhias privadas. Críticos afirmam que Musk está usando o valor da Tesla como refém, pressionando os investidores com o discurso de que, sem ele, as ações desabariam.
Ao mesmo tempo, a montadora enfrenta queda nas vendas e lucros em declínio. Analistas apontam que o comportamento errático e as declarações públicas de Musk prejudicam a imagem da Tesla, enquanto o preço das ações se mantém inflado por promessas de futuros produtos revolucionários como robotáxis autônomos e robôs humanoides que ainda não saíram do papel.
