SOBERANIA

Venezuela oferece apoio à Colômbia em caso de guerra com EUA

EUA usam suposto combate ao tráfico para pressionar governos de esquerda

Contra o patrão?.As forças armadas da Colômbia foram treinadas e equipadas pelos EUA durante décadas.Créditos: Wikipedia
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Prevendo que será o próximo sancionado pelos Estados Unidos como "narcotraficante", o presidente da Colômbia Gustavo Petro denunciou a presença naval de Washington no Caribe, que já causou a morte de ao menos 27 pessoas.

Ele atribuiu a um senador dos Estados Unidos, Bernie Moreno, nascido na Colômbia, a campanha que os EUA movem contra seu país.

Foi por causa das críticas de Petro que Donald Trump se referiu a ele recentemente como "traficante".

"No desastre de política antinarcóticos que matou 27 pessoas no Caribe, toda gente pobre que, levando ou não levando cocaína, foi assassinada por mísseis, ganhou ares de ameaça a invasão militar da Colômbia e da Venezuela, o que vai me trazer sanções pessoais, como se eu fosse o chefe do narcotráfico no mundo, quando apenas tenho uma casa pela qual ainda devo ao banco, que vale menos da metade de uma sala de um dos apartamentos dos edifícios que são propriedade de Trump", escreveu Petro em uma longa postagem.

O secretário de Defesa dos EUA, Peter Hegseth, tem divulgado com destaque os ataques aéreos contra barcos, sem apresentar provas de que de fato serviam ao narcotráfico.

Um repórter da emissora pública dos EUA, PBS, foi a Trinidad e Tobago entrevistar pescadores. Um dos entrevistados, Renute Roberts, diz que ouve o barulho de drones durante a pesca noturna e rapidamente volta para casa. De acordo com os relatos ouvidos pelo repórter:

Eles sabem como são os barcos de drogas. E ele diz que alguns dos vídeos divulgados pelos EUA sobre os ataques não se parecem com barcos de drogas. Ele diz que esses barcos não transportam mais de três pessoas. Eles têm motores maiores. E ele diz que o que o assusta é que às vezes eles fazem viagens com remédios, alimentos e produtos de higiene para a Venezuela. E quando você embala tudo isso, os pacotes podem parecer drogas.

Protesto nas ruas

Petro convocou os colombianos para uma grande manifestação na sexta-feira, 24, na Praça Bolívar, em Bogotá, em defesa da soberania da Colômbia.

Ele sugeriu que os verdadeiros narcotraficantes estão instalados na Flórida há 25 anos e se juntaram a Trump na campanha de ataques ao governo atual.

Desde Caracas, o chefe das Forças Armadas, general Vladimir Padrino López, disse que a Colômbia pode contar com apoio militar da Venezuela em caso de conflito.

Padrino chamou de "rude, bizarra e sem sentido" a suposta estratégia estadunidense de combater o narcotráfico explodindo barcos no Caribe.

"Quem não se ajoelha ou abaixa a cabeça corre o risco de ser marcado como narcotraficante", afirmou o general, que na mesma linha de Petro disse que os EUA querem controle dos recursos naturais da região.

Venezuela e Colômbia possuem as maiores reservas de petróleo próximas dos Estados Unidos.

Nicolás Maduro é acusado por Washington de liderar um certo Cartel dos Sóis, que teria se associado às colombianas FARC para traficar cocaína. Uma recompensa de U$ 50 milhões é oferecida por ele.

Em recente entrevista à Russia Today, Petro disse que a guerra contra as drogas dos EUA é uma farsa:

Eles [os EUA] respeitam o capital dos traficantes. Permitem que eles possuam propriedades nos EUA. Eles nunca foram atrás do capital transnacional dos narcos.

Rubio e o tráfico

Curiosamente, quem hoje lidera a política linha dura contra Maduro e Petro é Marco Rubio, cujo cunhado foi preso por tráfico de drogas.

Antes da posse de Donald Trump em seu primeiro mandato, o Washington Post fez uma série de reportagens sobre Orlando Cicilia. Nos anos 70 e 80 do século passado, Cicilia, casado com a irmã do hoje secretário de Estado, traficava diretamente da casa da família na Flórida, que era frequentada pelo jovem Rubio.

Cicilia eventualmente foi preso e cumpriu quase 12 anos de uma pena de 35. Ao sair, ele decidiu trabalhar no mercado imobiliário, mas encontrou dificuldades para obter a certificação. Recorreu ao então líder dos republicanos no equivalente à Assembleia Legislativa da Flórida, Marco Rubio, que escreveu uma carta de recomendação para Cicilio sem revelar que tinham ligações familiares.

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