BACALHAU

Por que o bacalhau pode desaparecer da mesa dos portugueses neste fim de ano

Um dos pratos mais tradicionais da cozinha portuguesa corre o risco de se tornar artigo raro nas prateleiras

Créditos: Wikipedia
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O bacalhau, um dos pratos mais tradicionais da cozinha portuguesas, pode tornar-se um artigo raro neste Natal. O motivo é a quebra no fornecimento do peixe russo, provocada pelas sanções impostas pela União Europeia e pela redução das quotas de pesca. A Rússia é a maior exportadora mundial do produto, e Portugal dependia fortemente desse mercado.

Desde janeiro de 2024, as importações de bacalhau congelado russo passaram a pagar uma tarifa de 12%, o que encareceu a produção e prejudicou as indústrias locais. A situação piorou em maio deste ano, quando o 17º pacote de sanções europeias atingiu as principais companhias de pesca russas, Norebo JSC e Murman Sea Food, responsáveis por grande parte do bacalhau consumido no país.

Preços nas alturas

Segundo Jorge Camarneiro, da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), cerca de 90% do bacalhau usado nas fábricas portuguesas vinha da Rússia. Com a suspensão dessas importações, a indústria passou a depender de fornecedores da Noruega, Islândia e Groenlândia, o que elevou ainda mais os custos.

A Noruega, que não aderiu às sanções, continua a comprar peixe russo e revende para Portugal a preços muito mais altos. “Estamos numa situação de concorrência desleal. Os noruegueses compram barato e vendem caro, enquanto aqui a produção é insustentável”, disse Camarneiro, que defende um regime de exceção para evitar o colapso do setor.

A Deco Proteste calcula que o preço do bacalhau subiu mais de 50% nos últimos três anos, e 50 euros hoje compram apenas 3 quilos. A dois meses do Natal, o impacto já é sentido nas prateleiras.

Para Camarneiro, o prato símbolo da culinária portuguesa pode se transformar num luxo inacessível. “O bacalhau vai virar o bife caro das ceias. As famílias vão se adaptar, comprando postas menores ou optando por caldeiradas”, afirmou.

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