A Palm Jumeirah transformou o litoral de Dubai em vitrine de engenharia. Em formato de palmeira, o conjunto integra um arquipélago artificial planejado para abrigar hotéis, marinas e residências de alto padrão, reunidos em um tronco central, 17 “folhas” e um anel em semicírculo que funciona como quebra-mar.
Com o desenvolvimento da estatal Nakheel, a concepção urbanística é atribuída ao escritório americano HHCP, e há menções ao engenheiro brasileiro João Vicente Sparano na origem do projeto.
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A ilha ocupa cerca de 31 km² no Golfo Pérsico. As obras começaram em junho de 2001 e a etapa principal terminou em 2008. O acesso inclui vias, túneis e um monotrilho — o primeiro do Oriente Médio — inaugurado em 30 de abril de 2009.
O conjunto faz par com outras duas ilhas maiores, Palm Jebel Ali e Palm Feira, previstas para, somadas, estenderem em cerca de 520 km a frente marítima urbanizada de Dubai.
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Como a palmeira saiu do papel
A execução exigiu dragagem em escala rara. A holandesa Van Oord movimentou algo próximo de 100 milhões de m³ de areia e rocha. A areia marinha foi preferida à do deserto, por conta da estabilidade. Para conter ondas e ventos, o quebra-mar recebeu camadas de rochas com blocos de até seis toneladas. O desenho preciso foi guiado por imagens de satélite e GPS.
Como a região é suscetível a abalos, o terreno passou por “vibro-compactação”: mais de 200 mil perfurações a 12 metros, injetando água e ar sob alta pressão para adensar o solo. A complexidade agregou quase dois anos de atraso ao cronograma.
Entre as curiosidades, o investimento estimado é de US$ 12 bilhões e o volume de material daria para erguer um muro de 2 metros que circundaria o planeta três vezes. A ilha, que já registrou um ano sem chuva, comporta cerca de 65 mil moradores e tem imóveis avaliados em torno de US$ 5 milhões. Da Estação Espacial Internacional, a formação é visível a olho nu.
O impacto ambiental é monitorado. Estudo na revista Water (2022) identificou aumento de materiais dissolvidos e elevação da temperatura da água no entorno. Em 2020, a pesquisadora Virgínia Maria Nogueira de Vasconcellos apontou redução da circulação marinha — com odores —, maior dependência do automóvel, mais sedimentos em suspensão, erosão costeira e maior vulnerabilidade a mudanças climáticas e ao avanço do nível do mar.
Especialistas defendem gestão ambiental contínua e mitigação ativa — como recifes artificiais — para recompor habitats e melhorar a qualidade da água, reduzindo os efeitos colaterais de um megaprojeto erguido literalmente sobre o mar.