Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump (EUA) se reuniram para tratar do tarifaço e sanções a autoridades brasileiras na manhã deste domingo (26). O tema político, no que diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi definido como uma questão "lateral" por representantes do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Itamaraty, e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Durante o período de negociações, que se inicia "imediatamente" entre os países deve haver uma suspensão temporária do tarifaço e das sanções da Lei Magnitsky aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Após o encontro de Lula e Trump, a área técnica e diplomática entre os países se reunirá para continuar a discussão dos assuntos.
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“O presidente solicitou e reiterou o que havia dito no telefonema, e ele concordou que faremos uma rápida negociação e durante esse período haverá uma suspensão”, afirmou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. “Agora, hoje, não está. Acabamos de sair da reunião. Vamos ter negociações, conversas, com vistas a suspensão das tarifas, visto que são aplicadas a um país que não tem um superávit, portanto não é justa”, completou.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, o representante comercial, Jamieson Lee Greer, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, vão coordenar a equipe dos EUA nos encontros, que devem ocorrer ainda neste domingo, com a presença de Vieira, e do secretário-executivo do MDIC, Marcio Rosa.
“Foi tudo muito abrangente, o presidente Lula falou do tarifaço, da suspensão da Lei Magnitsky em relação a algumas autoridades. Trump, muito simpático, ouviu com muita atenção e orientou sua equipe a seguir dialogando conosco para chegarmos a um meio-termo”, adiantou Márcio Rosa.
A questão Bolsonaro
Após o encontro, o secretário-executivo MDIC, Márcio Rosa, afirmou que a “questão Bolsonaro” foi tratada “muito lateralmente” pelos dois presidentes, mesmo tendo sido abordada muito brevemente na coletiva dos presidentes com jornalistas.
Ele ainda destacou que Lula explicou à Trump que, por tratar-se de uma instância jurídica, o Supremo Tribunal Federal (STF) respeitou o devido processo legal no julgamento do ex-presidente Bolsonaro, que foi condenado a mais de 27 anos de prisão em setembro – cujo prazo para recurso da defesa se encerra amanhã, na segunda-feira (27). Por conta disso, ele reiterou que não houve perseguição política.
“Isso não foi discutido, a questão do Bolsonaro apareceu brevemente na entrevista, mas muito lateralmente. O que Lula usou como exemplo é a injustiça da Lei Magnitsky em relação a algumas autoridades, como ministros do STF. Porque respeitou-se o devido processo legal e não houve nenhuma perseguição”, explicou Márcio Rosa. “Firmou-se um compromisso político para que ocorra uma negociação (sobre as tarifas e sanções). Trump orientou sua equipe, Lula a mesma coisa, da área técnica sentar e resolver”, complementou.
No documento do tarifaço, o governo Trump condicionava a suspensão da taxação ao fim da "caça às bruxas" ao ex-presidente brasileiro. No entanto, na reunião com Lula, o presidente dos EUA sinalizou que isso não está mais em pauta, destacando que achava que ele era honesto.
"Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele já passou por muita coisa. Ele está passando por momentos ruins”, disse Trump no encontro.