VIOLÊNCIA

Matança no Rio: ONU pede investigação aprofundada de guerra de Cláudio Castro contra as favelas

ONU Direitos Humanos destacou estar “horrorizada” com os 64 mortos no Rio de Janeiro. NY Times diz que ação de Cláudio Castro foi para “marcar pontos políticos” junto à extrema-direita.

Claudio Castro com a cúpula das polícias do Rio de Janeiro em entrevista sobre a matança.Créditos: Pablo Porciuncula / AFP
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A comunidade internacional amanheceu estarrecida pelas notícias dos 64 mortos na Operação Contenção, ordenada pelo governador carioca Cláudio Castro (PL-RJ) no Rio de Janeiro. Jornais internacionais repercutiram o caso, e o braço de Direitos Humanos da Organização Nações Unidas (ONU Direitos Humanos) cobra investigações aprofundadas.

A ONU Direitos Humanos destacou estar “horrorizada” com os 64 mortos no Rio de Janeiro, e reiterou às autoridades locais suas “obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos”, além de cobrar por investigações rápidas do caso.

Mais de 16 jornais internacionais repercutiram a operação no Rio de Janeiro. Entre eles, os jornais franceses Le Monde e Le Figaro mencionam cenas de guerra, e questionam a eficácia das operações policiais no Rio de Janeiro, com o Le Monde chamando de operação mais letal da história. O último destacou que essas operações são comuns na cidade.

O alemão DW também destacou a atuação de Castro, e destacou que a operação ocorre dias antes da COP30, que será realizada em Belém, no Pará. A Euronews considera a operação mais violenta da história do estado. O britânico The Guardian ressaltou a fala de Castro, que diz que o estado está “em guerra”.

O jornal estadunidense NY Times destacou que, no Brasil, a declaração do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), foi vista como uma tentativa de “marcar pontos políticos” junto à extrema-direita, bem como comentários do senador Flávio Bolsonaro, que disse estar com “inveja” das operações militares dos Estados Unidos (EUA) no Caribe.

A situação gerou uma nota consular da Embaixada dos Estados Unidos, que recomendou estar atento às notícias e aplicativos para contornar bairros afetados no Rio.

Entenda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para a manhã desta quarta-feira (29) uma reunião emergencial no Palácio da Alvorada com ministros para tratar da crise de segurança pública no Rio de Janeiro, após a operação policial que deixou 64 mortos nas comunidades da Penha e do Alemão. A ação, batizada de Operação Contenção, foi ordenada pelo governador Cláudio Castro (PL) sem aviso prévio ao governo federal, o que gerou forte reação em Brasília.

Durante o voo de retorno ao Brasil, vindo do Sudeste Asiático, Lula foi informado apenas de forma fragmentada sobre o que acontecia no Rio. O avião presidencial pousou em Brasília por volta das 20h30 desta terça-feira (28), e logo após o desembarque o presidente pediu relatórios detalhados aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública).

Ainda na última terça-feira, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, havia convocado uma reunião de emergência. Estavam presentes Alckmin, os ministros Rui Costa, Gleisi Hoffmann, Jorge Messias, Macaé Evaristo, Sidônio Palmeira e o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Manoel Carlos. As forças policiais e militares reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio, por parte do governo estadual do Rio de Janeiro, para realização da operação.

 

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