Ao Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (5), o analista político Hugo Albuquerque comentou sobre a vitória de Zohran Mamdani em Nova York. Mulçumano e esquerdista, o ganhador conduziu uma campanha aliada às causas sociais, o que incomodou Donald Trump, que chegou a ameaçar a cidade, se o candidato democrata vencesse as eleições. Albuquerque analisou se essa tendência à esquerda é algo que vai se solidificar para as eleições gerais dos Estados Unidos e como fica o atual mandatário nesse cenário.
Para Albuquerque, um nome de destaque da esquerda estadunidense para as eleições gerais – considerando que Mamdani não pode concorrer por ser imigrante – é o governador da Califórnia, Gavin Newsom. O analista ressaltou que, enquanto Mamdani está à esquerda no Partido Democrata, Newsom está ao centro, mas à esquerda de Joe Biden e Kamala Harris.
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"Ele não é um cara socialista e provavelmente a cúpula do Partido Democrata vai querer bancar o Newsom. A cúpula do Partido Democrata, a priori, não quer o Newsom porque ele está mais à esquerda, mas hoje ele é um cara que tem se reinventado. Ele é um governador relativamente popular. Teve uma queda de popularidade lá na Califórnia, mas melhorou com Trump", analisou.
Portanto, Albuquerque considerou que Newsom é um forte candidato à presidência, mas deve enfrentar um prévia "dura" com o avanço da ala socialista após a vitória de Mamdani.
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O analista ainda acrescentou que, além dessa oposição socialista forte contra Trump, ele ainda vai ter uma briga dentro do Partido Republicano por querer mudar a lei para tentar a reeleição. "Porque o Rubio quer ser candidato e o Vance quer ser candidato também. Então, se preparem para isso também, uma briga interna dentro do governo Trump. E se seguir a toada – está muito claro o que gente vem falando, olhando não só quantitativamente as pesquisas, mas a qualidade das pesquisas – Trump vai levar ferro na eleição de meio de mandato do ano que vem", afirmou Albuquerque.
Campanha de Mamdani
Albuquerque também analisou a campanha de Mamdani e afirmou que o novo prefeito é comparável à Jean-Luc Mélenchon, à uma esquerda que "não arreda o pé". "Uma esquerda social-democracia raiz que banca a posição", disse o analista. Para Albuquerque, Mamdami ensina uma lição muito grande para o Brasil. "Porque ele soube fazer uma campanha legal, leve, que mobilizou o povo, que não foi careta quadrada – muito pelo contrário – mas não fugiu dos temas".
"Ele prova que a gente pode bater nos temas que são os nossos temas, do nosso campo político, o que a gente acredita, o que o nosso povo acredita, que mobiliza a nossa base. Ele prova que é possível ter um nome adequado e a gente não correndo, não fugindo muito da raia, a gente transforma isso não num peso para uma campanha, mas num motor para ela", afirmou.
Albuquerque ressaltou que Mamdani conseguiu colocar 90 mil militantes voluntários para bater de porta em porta durante sua campanha. "Por quê? Porque ele pegou essas pautas e falou: 'dane-se, a gente vai levar essa pauta adiante'". O especialista ressaltou a influência do movimento pró-palestina nos Estados Unidos, que mobilizou juventudes nas ruas e que foi duramente reprimido pelo próprio governo democrata, mas que foi defendido por Mamdani.
Albuquerque ainda acrescentou que os republicanos foram derrotados pelo próprio "monstro" que eles criaram com discurso de ódio contra imigrantes e comunistas. "Eles [republicanos] criaram o monstro que derrotou eles, porque é um cara que é socialista, muçulmano e laico. E se eles fizerem uma política anti-Nova York, eles vão se ferrar. Muita gente fala: 'ah, o Trump está na crista da onda'. O Trump perdeu tudo de relevante que foi disputado ontem. O Trump está ferrado e se ele se mobilizar para travar o governo de Nova York, ele vai ter um problema político gigantesco, maior que Nova York", afirmou Albuquerque.
Confira a entrevista completa do analista político Hugo Albuquerque ao Fórum Onze e Meia
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