NEGOCIAÇÃO

Tarifas de Trump: EUA e Canadá chegam a acordo para pausa de um mês

Primeiro-ministro canadense anunciou novos compromissos assumidos com o país vizinho, entre eles criar uma força-tarefa conjunta para "combater o crime organizado, o fentanil e a lavagem de dinheiro"

Presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou acordo com o CanadáCréditos: Reprodução/ Globonews
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Estados Unidos e Canadá chegaram a um acordo que estabeleceu uma pausa de 30 dias na aplicação de tarifas anunciadas por Donald Trump aos produtos do país vizinho, em negociação semelhante à estabelecida entre os estadunidenses e o México

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou novos compromissos, entre eles o de nomear um "czar do fentanil", listar os cartéis como terroristas, garantir "olhos 24 horas por dia, 7 dias por semana na fronteira" e lançar uma força de ataque conjunta Canadá-EUA para "combater o crime organizado, o fentanil e a lavagem de dinheiro".

“Também assinei uma nova diretriz de inteligência sobre o crime organizado e o fentanil e a apoiaremos com US$ 200 milhões”, acrescentou ainda o líder canadense.

Trump confirmou o entendimento, apontando que as tarifas dos EUA estão suspensas para verificar se um acordo econômico final com o Canadá pode ser estruturado.

No sábado (1º), o governo canadense afirmou que iria impor tarifas de 25% sobre a importação de produtos vindos dos EUA, com as alíquotas entrando em vigor na terça-feira (4). A medida era uma resposta ao anúncio de Trump de imposição de tarifas de 25% sobre todos os produtos canadenses.

Os custos para o Canadá

Caso as tarifas prometidas pelo presidente dos EUA entrassem em vigor, os prejuízos seriam grandes para os dois países, mas afetaria boa parte do setor produtivo canadense de forma severa.

Segundo o economista-chefe do Conference Board of Canada, Pedro Antunes, em entrevista ao Toronto Star, a indústria automotiva provavelmente estaria entre as primeiras a sentir os efeitos devido ao seu alto nível de integração em ambos os lados da fronteira. “Acredito que veremos uma interrupção abrupta na produção de automóveis, mas isso vai paralisar muitos dos nossos setores de manufatura”, disse ele, antes da pausa ser anunciada.

Também ao veículo canadense, o economista-chefe do Centre for Future Work, Jim Stanford, afirmou que, mesmo com um eventual alívio temporário, muitos estragos já foram feitos. "O risco que as empresas agora enfrentam — sabendo que Trump fará isso de novo — é substancial. E é aqui que o Canadá enfrenta uma emergência, mesmo que as tarifas não durem muito. Nunca tivemos um choque comercial fora de um período de guerra como este desde a Grande Depressão. Então, estamos em território desconhecido", pontua.

“Muitas empresas aumentarão a produção do outro lado da fronteira para evitar tarifas. A incerteza por si só sobre mais protecionismo pode esfriar o investimento empresarial por anos”, disse Douglas Porter, economista-chefe do BMO, concordando com Stanford que danos substanciais já foram causados.

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