COLAPSO COMERCIAL

Trump surta contra pesquisas, enquanto comércio China-EUA entra em parafuso

Fox, aliada de Trump, prevê vitória dos democratas em 2026

Ajuda divina.Trump criou por conta própria a crise que derrubou sua popularidadeCréditos: Acervo da Casa Branca
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O transporte de mercadorias entre a China e os Estados Unidos está desabando, de acordo com dados do porto de Los Angeles e da Vizion, empresa que monitora o tráfego de contêineres.

De acordo com o Financial Times, a empresa Hapag-Lloyd registrou o cancelamento de 30% das reservas feitas por empresas chinesas que abastecem o mercado estadunidense.

O porto de Los Angeles, principal entrada para os contêineres que chegam da China, espera uma queda de um terço nos desembarques a partir de 4 de maio em relação ao ano anterior.

De acordo com a Vizion, as reservas para o contêiner padrão na China haviam caído 45% na metade de abril, também em relação aos doze meses anteriores.

Desde que Donald Trump declarou tarifaço unilateral, os EUA passaram a cobrar tarifas acumuladas de 145% sobre produtos chineses. 

A China segue dizendo que não está negociando oficialmente -- depois de impor suas próprias tarifas de 125% sobre importados dos EUA.

Pequenos empresários em risco

Os pequenos empresários dos EUA que dependem de importações chinesas serão os primeiros afetados.

A CNN usou como exemplo o casal Christina e Ian Lacey, de Denver, no Colorado, que se sustenta produzindo bijuteria especializada para venda em festivais de música. Os dois tentaram conseguir fornecedores domésticos para o material importado da China, mas não conseguiram.

O primeiro impulso da dupla foi aumentar os preços, para tentar preservar o negócio que rende o equivalente a R$ 2 milhões anuais.

Como os dois, milhares de outros pequenos empresários estadunidenses dependem de matéria prima chinesa.

O risco de aumento da inflação por causa do tarifaço fez a popularidade de Trump despencar.

Para a rede CNN, a mais baixa de um presidente ao completar 100 dias de mandato nos últimos 70 anos.

Pela pesquisa, só 39% aprovam como o ocupante da Casa Branca está lidando com a economia.

Dupla taxação

Um segundo risco ronda interesses econômicos importantes dos Estados Unidos: empresas que produzem na China podem ser obrigadas a lidar com dupla taxação ao calcular seus preços.

A Apple e a Tesla, por exemplo, dependem de fornecedores chineses que terão de pagar 125% para trazer componentes dos Estados Unidos para a China.

Já os produtos prontos terão de pagar os 145% impostos por Trump para abastecer o mercado estadunidense.

Por causa da pressão doméstica de gente endinheirada, Trump já deu vários passos atrás no tarifaço, enquanto a Casa Branca corre para tentar fechar acordos comerciais.

Quanto à China, o próprio secretário do Tesouro Scott Bessent disse que as tarifas são insustentáveis:

Acredito que cabe à China reduzir a tensão, porque eles vendem-nos cinco vezes mais do que nós lhes vendemos, e por isso estas tarifas de 120%, 145% são insustentáveis.

Já a agência chinesa Xinhua deu o tom da cobertura da crise na China, destacando que consumidores e empresas dos EUA estão se preparando para enfrentar "dor econômica".

Citou relatório de um analista da Apollo Global Management, divulgado no domingo, 27, que cita executivos da Pepsi, Chipotle e da empresa aérea Southwest:

Executivos de transportes, serviços de alimentação e bens de consumo estão relatando condições recessivas e maior cautela do consumidor.

A culpa "é dos pesquisadores"

Donald Trump, por sua vez, atacou as empresas de pesquisa, citando especificamente os dados de sua popularidade em queda recém-divulgados pelo New York Times e Washington Post.

"Pesquisas falsas de organizações de notícias falsas", escreveu em sua rede Truth Social. Segundo Trump, são fruto de adversários "doentios".

Postagens feitas de madrugada, com várias frases em maiúsculo, são em geral um termômetro do mau humor presidencial.

Sobrou até para a Fox News, apoiadora de Trump, cuja pesquisa mostrou que 58% desaprovam as tarifas impostas pela Casa Branca. 54% acreditam que o republicano está causando danos à economia dos EUA.

Em uma pesquisa paralela, a Fox informou que hoje os democratas são favoritos (49% a 42%) para vencer as eleições de meio de mandato em 2026.

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