A ONG Anistia Internacional denunciou, nesta terça-feira (29), “um genocídio ao vivo” cometido por Israel na Faixa de Gaza, onde a guerra e o bloqueio da ajuda humanitária levam a população a uma situação desesperadora. Israel respondeu imediatamente, condenando o que chamou de “mentiras infundadas” de que seria uma “organização radical anti-israelense”.
Enquanto isso, a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) disse que a recusa de Israel em permitir a entrada de ajuda humanitária em território palestino “mata silenciosamente”, sobretudo crianças e doentes. Em 2 de março, poucos dias antes do fim da trégua, Israel interrompeu completamente o fluxo de ajuda internacional vital para os 2,4 milhões de habitantes afetados por uma crise humanitária sem precedentes.
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A guerra eclodiu em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em território israelense que deixou 1.218 mortos, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Naquele dia, 251 pessoas foram sequestradas, das quais 58 permanecem detidas em Gaza e 34 morreram, segundo o governo israelense.
Desde então, as operações militares de Israel em represália deixaram 52.365 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. “O mundo testemunha um genocídio ao vivo em suas telas”, denunciou a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, no prefácio do relatório anual de direitos humanos da organização, publicado nesta terça-feira (29).
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“Os Estados assistiram, como se fossem impotentes, Israel matar milhares de palestinos e palestinos, massacrar famílias inteiras de várias gerações e destruir residências, meios de subsistência, hospitais e estabelecimentos escolares”, disse ainda Callamard.
Na seção do relatório sobre o Oriente Médio, a Anistia reitera suas acusações de “genocídio”, já formuladas em 2024, mas que as autoridades israelenses rejeitaram categoricamente.
Fome e desespero
O relatório cita “homicídios”, “danos graves à integridade física ou mental de civis”, “deslocamentos provocados e desaparecimentos”, além de uma “imposição deliberada de condições de vida destinadas a provocar a destruição física daquelas pessoas”.
“O bloqueio de Gaza mata em silêncio”, disse a porta-voz da UNRWA, Juliette Touma, em uma sessão informativa. “As crianças de Gaza vão dormir com fome. Os doentes e feridos não podem receber atendimento médico devido à escassez nos hospitais”, afirmou.
“A fome e o desespero estão se espalhando, enquanto alimentos e suprimentos de ajuda humanitária são usados ??como armas. Gaza se tornou uma terra de desespero”, acrescentou ainda.
Além disso, cerca de 1,9 milhão de palestinos (90% da população da Faixa de Gaza) tiveram que abandonar suas casas em consequência do conflito, lembra a Anistia, que acusa Israel de “provocar deliberadamente uma catástrofe humanitária sem precedente”.
“Gaza põe à prova a Justiça Internacional e a nossa humanidade”, disse Heba Morayef, diretora da Anistia para o Oriente Médio e o Norte da África, em uma coletiva de imprensa. Nesta terça-feira, a Defesa Civil Palestina relatou outras sete mortes em ataques israelenses.
Além disso, o Crescente Vermelho anunciou, também nesta terça (29), a liberação de um socorrista palestino detido desde um confronto entre soldados e socorristas em março, no sul da Faixa de Gaza.