100 DIAS

Trump joga a culpa no antecessor depois de retração do PIB

China reafirma que não está negociando com a Casa Branca

Sempre no ataque.Trump aparece em eventos com trabalhadores, diz que está tudo bem, mas é desmentido pelos números.Créditos: Casa Branca
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Num estilo que se tornou clássico, Donald Trump culpou seu antecessor pela inesperada retração da economia dos EUA.

O PIB teve uma contração de 0,3% no primeiro trimestre deste ano, uma grande queda em relação ao trimestre anterior, quando cresceu em um ritmo de 2,4%.

Os números podem ser enganosos, uma vez que boa parte disso pode ter sido causado pela corrida de importadores para estocar mercadorias e escapar do tarifaço de Donald Trump.

O número preocupante é que os gastos dos consumidores cresceram a um ritmo de 1,8%, bem menos que os 4% do trimestre final de 2024.

Em uma postagem nas redes sociais, Trump disse que os EUA vivem o equivalente a uma ressaca do governo anterior, de Joe Biden.

Ele insiste que o tarifaço vai encher os cofres do Tesouro e que as empresas estão se movendo em massa para os Estados Unidos, o que vai criar empregos no futuro.

"Espero fazer um acordo com a China", disse Trump ao conversar com repórteres na Casa Branca, afirmando sem provas que as fábricas chinesas estão fechando.

Ele dedicou a reunião de hoje com seu gabinete a vender um cenário róseo para o futuro -- da mesma forma que fez na campanha, quando prometeu baixar preços e acabar com a guerra da Ucrânia imediatamente.

Mercados não acreditam em Trump

Os mercados abriram em baixa nesta quarta-feira, 30, nos Estados Unidos, em função da contração do PIB que surpreendeu analistas.

A UPS, empresa que disputa o mercado de entregas nos EUA, anunciou que vai demitir 20 mil funcionários e fechar 73 pontos de coleta e entrega, se antecipando a possível queda no comércio virtual.

A Amazon chegou a anunciar que acrescentaria o preço das tarifas de Trump em todos os seus recibos, mas foi atacada pela porta-voz da Casa Branca, que disse tratar-se de um "ato político hostil".

Jeff Bezos, que já cedeu a Trump como dono do Washington Post, voltou atrás depois de uma chamada telefônica do presidente.

Grandes empresas como a General Motors, a Volvo e a JetBlue retiraram publicamente previsões otimistas sofre seu faturamento futuro.

Os mais pessimistas dizem que os EUA caminham para uma recessão por causa das incertezas causadas pelo tarifaço de Trump.

Se os EUA e a China vão puxar a economia global para baixo permanece em aberto.

Impacto na China

Há fortes indícios de uma redução das exportações futuras da China para os Estados Unidos.

A empresa de análises Nomura Securities prevê que se estas exportações caírem 50%, 5,7 milhões de chineses poderiam perder o emprego imediatamente.

Apesar dos sinais emitidos pela Casa Branca, a China nega oficialmente que esteja em negociações com os EUA.

O PIB da China cresceu 5% em 2024 e o Fundo Monetário Internacional faz uma projeção inferior a 4% para 2025.

O governo chinês está tomando uma série de medidas para estimular o mercado interno, como a aprovação de uma lei para apoiar as 57 milhões de empresas privadas, segundo Beijing responsáveis por mais de 90% da economia.

É um antigo plano das elites estadunidenses "desacoplar" as economias dos dois países, o que de fato está acontecendo agora, mesmo que lentamente. Durante o governo Obama, a política externa de Washington fez uma "pirueta" em direção à Ásia, com o objetivo de "conter" a China.

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