Mahmoud Khalil, ex-aluno da Universidade Columbia e residente legal nos Estados Unidos, foi libertado nesta sexta-feira (20) após mais de três meses de detenção em um centro de imigração na Louisiana. A decisão foi tomada por um juiz federal que avaliou haver indícios de que sua prisão foi uma retaliação política por sua participação em protestos pró-Palestina.
Khalil foi o primeiro estudante detido sob a nova política do governo de Donald Trump contra manifestações em apoio à Palestina nos campi universitários. Desde março, ele aguardava preso enquanto outros estudantes detidos em circunstâncias semelhantes já haviam sido soltos.
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Durante esse período, Mahmoud perdeu o nascimento de seu filho e a cerimônia de formatura. Sua libertação foi ordenada pelo juiz Michael Farbiarz, que apontou que a prisão poderia ter sido usada como punição por suas opiniões políticas — o que seria inconstitucional.
“Há ao menos alguma evidência de que a acusação de imigração foi usada para punir o Sr. Khalil”, disse o juiz durante audiência de duas horas.
Conflito entre juízes
Apesar da ordem do juiz federal, o governo Trump contestou a decisão. Uma porta-voz do Departamento de Segurança Interna afirmou que somente um juiz de imigração teria autoridade para decidir sobre a libertação. No mesmo dia, a juíza de imigração Jamee Comans, responsável pelo processo administrativo contra Khalil, negou seu pedido de asilo, recusou fiança e autorizou sua deportação.
“É mais um exemplo de como membros do Judiciário estão minando a segurança nacional”, disse a porta-voz Tricia McLaughlin.
Perseguição política
O caso de Khalil se tornou simbólico da ofensiva do governo Trump contra vozes pró-Palestina nas universidades americanas. Ao ser preso, o presidente o chamou de “estudante estrangeiro radical pró-Hamas” e prometeu novas detenções. O secretário de Estado, Marco Rubio, chegou a alegar que sua presença no país ameaçava a política externa dos EUA.
Entretanto, as acusações de ligação com o Hamas não foram comprovadas. Seus advogados afirmam que ele nunca promoveu discursos antissemitas e lembram declarações públicas suas, como a que deu à CNN: “A libertação do povo palestino e do povo judeu andam juntas, não é possível alcançar uma sem a outra”.
O governo também acusou Khalil de omitir empregos anteriores em seu pedido de residência permanente, como sua atuação na ONU e no governo britânico. Seus advogados rebatem, dizendo que as atividades faziam parte de seus estudos na Columbia ou já estavam encerradas.
Vitória parcial, luta continua
O juiz Farbiarz rejeitou o argumento do governo de que Khalil representava um perigo à comunidade. “Ele não é um perigo, ponto final”, afirmou. Afirmou ainda que manter o réu preso apenas por essas acusações secundárias era “altamente incomum”.
Sua esposa, Noor Abdalla, celebrou a decisão, mas lembrou que os danos à família foram profundos.
“Hoje é dia de comemorar o retorno de Mahmoud ao nosso lar, mas as injustiças que essa administração causou não serão esquecidas.”
Apesar da libertação, o processo de deportação continua. O governo ainda pode recorrer da decisão judicial, mas Khalil agora responderá em liberdade e ao lado da família, em Nova York.
Com informações do New York Times