Na madrugada desta segunda-feira (9), o navio britânico Madleen, da Freedom Flotilla Coalition, foi interceptado por forças navais de Israel em águas internacionais, a cerca de 200 quilômetros da costa da Faixa de Gaza. A embarcação levava 12 ativistas humanitários, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada Rima Hassan e o brasileiro Thiago Ávila, em missão de entrega de ajuda à população palestina.
As autoridades israelenses confirmaram que o navio foi conduzido até o porto de Ashdod, ao sul de Tel Aviv. Após exames médicos, os ativistas foram detidos brevemente em Ramle e devem ser deportados nos próximos dias. Israel afirma que a carga humanitária será encaminhada a Gaza por “canais oficiais”.
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Governo israelense ironiza missão e publica fotos dos ativistas
O Ministério das Relações Exteriores de Israel fez uma postagem debochada sobre a ação da flotilha. Usando o termo “navio da selfie”, publicou nas redes sociais fotos de Greta Thunberg e Thiago Ávila a bordo da embarcação e comentou:
“O ‘navio da selfie’ atracou no porto de Ashdod há pouco. Os passageiros estão atualmente passando por exames médicos para garantir que estejam bem de saúde.”
Além de minimizar a missão, o governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu classificou a iniciativa como “campanha de relações públicas”, afirmando que a carga humanitária era “contada como de Instagram”.
Especialistas acusam Israel de pirataria em violação ao direito internacional
A Freedom Flotilla Coalition denunciou o episódio como um ato de pirataria, reforçando que o navio foi sequestrado fora da zona costeira de jurisdição israelense. A ação foi duramente criticada por organizações de direitos humanos e juristas internacionais, como a ONG Adalah, especialistas da ONU e a Cáritas, que apontaram para uma violação direta do direito marítimo internacional.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigiu, por meio de nota oficial divulgada nesta segunda-feira (9), a libertação imediata dos ativistas da Flotilha da Liberdade, interceptados pela Marinha de Israel enquanto levavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também exigiu a liberação imediata dos cidadãos franceses detidos e cobrou o fim do bloqueio a Gaza, além da abertura de corredores humanitários.
Missão pacífica levava alimentos e suprimentos básicos a Gaza
A missão humanitária partiu de Catania, na Itália, em 1º de junho, levando uma carga de aproximadamente uma tonelada, composta por farinha, arroz, leite infantil, fraldas, produtos menstruais, próteses e kits de dessalinização. A iniciativa, embora simbólica, buscava romper o silêncio internacional sobre a crise humanitária em Gaza.
O episódio lembra ações anteriores da Freedom Flotilla, como a tentativa de maio com o navio Conscience, que foi alvo de ataque por drones israelenses próximo a Malta.
Repercussão amplia pressões internacionais por trégua e fim do bloqueio
A presença de Greta Thunberg, reconhecida globalmente por sua atuação climática, deu novo fôlego à mobilização internacional por Gaza. A interceptação do Madleen reacende o debate sobre os limites do poder militar, a legalidade do bloqueio naval israelense — em vigor há quase duas décadas — e o direito à ajuda humanitária em zonas de guerra.
Com o episódio, crescem os apelos por uma trégua imediata, por acesso livre à ajuda humanitária e por respeito ao direito internacional humanitário, diante da grave crise enfrentada por mais de dois milhões de palestinos sob cerco em Gaza.