O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14) um novo acordo militar com países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para reforçar o envio de armas à Ucrânia. Em uma mudança de tom em relação às críticas anteriores à ajuda militar, ele afirmou que os aliados europeus vão comprar bilhões de dólares em armamentos dos EUA — incluindo sistemas de mísseis Patriot — e entregar rapidamente esse material ao governo ucraniano, que enfrenta ataques diários da Rússia.
Trump deu a declaração ao lado do secretário-geral da OTAN, o holandês Mark Rutte, durante uma coletiva na Casa Branca.
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“É um grande acordo. Bilhões de dólares em equipamentos militares vão ser comprados dos Estados Unidos e enviados para a Otan. E isso vai chegar rapidamente ao campo de batalha”, afirmou Trump, deixando claro que os EUA não pagarão pelos armamentos — o custo ficará com os países europeus.
De acordo com Trump, os primeiros carregamentos devem sair da Europa nos próximos dias e serão repostos posteriormente pelos estoques americanos. O pacote inclui os mísseis Patriot, considerados essenciais para proteger a Ucrânia dos constantes bombardeios russos.
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Mais tarde, em um almoço com líderes religiosos, Trump reforçou o tom do anúncio: “Vamos mandar muitas armas de todos os tipos, eles vão entregar imediatamente... e eles é que vão pagar”.
Rutte declarou que vários países já se comprometeram a participar, entre eles Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda e Canadá. Segundo ele, esse é apenas o primeiro passo: “Todos querem fazer parte disso. E essa é só a primeira onda. Outras virão”.
Trump também afirmou que um dos países aliados já teria 17 baterias de mísseis Patriot prontas para envio — o que, se confirmado, significaria um reforço importante para a Ucrânia, que hoje conta com apenas seis sistemas desse tipo para defender seu território.
Trump endurece tom contra Putin
Além do envio de armas, Trump fez um alerta direto à Rússia: se o presidente Vladimir Putin não aceitar um acordo de paz em até 50 dias, os EUA vão impor sanções econômicas duras. Ele prometeu tarifas de 100% sobre produtos russos e, mais grave, anunciou que poderá aplicar sanções secundárias a outros países que continuarem comprando petróleo e gás da Rússia.
“Essas sanções secundárias são muito, muito poderosas”, afirmou Trump, indicando que pretende apertar ainda mais o cerco contra Moscou.
A declaração marca uma mudança de postura significativa da Casa Branca. Durante a campanha eleitoral e no início do novo mandato, Trump vinha se mostrando cético sobre o apoio à Ucrânia e elogiando Putin em algumas ocasiões. Agora, adota um tom mais duro e promete ação.
“O povo ucraniano está lutando com enorme coragem”, disse Trump. “A Europa está mostrando muita determinação nessa guerra. Eu fiquei impressionado com o espírito deles.”
Putin enganou todo mundo, menos eu, diz Trump
Trump também comentou sua frustração com o líder russo, dizendo que Putin “enganou muita gente”, mas que ele próprio não foi enganado. Em tom mais informal, contou que costuma sair de conversas com Putin achando que tudo vai bem — mas na mesma noite, há ataques contra cidades ucranianas.
“Volto para casa, falo com a primeira-dama: ‘Conversei com Vladimir hoje. Foi ótimo’. E ela responde: ‘Sério? Outra cidade acabou de ser bombardeada’.”
Rússia minimiza acordo; Ucrânia comemora
Enquanto a Ucrânia celebrou o anúncio como uma vitória diplomática, autoridades russas e influenciadores ligados ao Kremlin reagiram com desdém. Um senador russo chegou a dizer que o anúncio de Trump era “conversa fiada”.
Em Kiev, a reação foi positiva, embora com certa cautela. “Legal”, escreveu no X (ex-Twitter) Andrii Kovalenko, integrante do conselho de segurança e defesa da Ucrânia. Já o jornalista ucraniano Illia Ponomarenko foi mais ácido: “Quantas vidas poderiam ter sido salvas se Trump tivesse ouvido conselhos honestos no início, em vez de acreditar nas mentiras de Putin?”.
Guerra continua matando
A guerra segue violenta. Nas últimas 24 horas, bombardeios russos mataram pelo menos seis civis e deixaram outros 30 feridos, segundo autoridades ucranianas. A força aérea local afirmou que Moscou lançou 136 drones e ao menos quatro mísseis pesados contra cidades ucranianas.
A fala mais dura de Trump e o novo acordo com a Otan mostram que, ao menos por agora, o presidente americano parece decidido a mudar a postura diante da guerra — e a pressionar Putin com armas e sanções. Se será suficiente para forçar um acordo de paz, ainda é cedo para saber.
Com informações do Guardian