O ativista e professor palestino Odeh Hadalin, conhecido por sua participação no documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", foi assassinado nesta segunda-feira (28) na Cisjordânia por um colono israelense. A informação foi confirmada pelo cineasta israelense Yuval Abraham, codiretor do filme, que divulgou um vídeo nas redes sociais mostrando o momento em que o colono Yinon Levi atira contra palestinos.
"Um colono israelense acaba de atirar nos pulmões de Odeh Hadalin, um ativista notável que nos ajudou a filmar 'Sem Chão' em Masafer Yatta. Os moradores identificaram Yinon Levi, sancionado pela União Europeia e pelos EUA, como o atirador. Este é ele no vídeo atirando como um louco", denunciou Abraham no X (antigo Twitter). Pouco depois, ele confirmou a morte do ativista: "Odeh acabou de morrer. Assassinado".
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Veja o vídeo divulgado por Yuval Abraham [ATENÇÃO, IMAGENS FORTES]:
Hadalin era pai de três filhos e um dos líderes comunitários de Umm al-Kheir, próximo a Hebron. Ele se destacou pela resistência contra a ocupação israelense e pela luta contra os despejos forçados em Masafer Yatta, região declarada por Israel como zona militar e alvo constante de demolições.
Yinon Levi, apontado como autor dos disparos, é um colono extremista e fundador do assentamento ilegal Meitarim Farm, conhecido por ataques violentos contra palestinos. Apesar de já ser alvo de sanções internacionais, ele segue livre em Israel, um retrato da impunidade que sustenta a violência dos colonos.
O assassinato ocorre em meio à escalada de crimes contra palestinos na Cisjordânia desde o início do genocídio em Gaza. Dados da Autoridade Palestina apontam que 962 palestinos foram mortos por colonos ou soldados israelenses desde outubro de 2023.
Documentário denunciou limpeza étnica
"Sem Chão" ganhou repercussão internacional ao expor a destruição sistemática de vilarejos palestinos e o cotidiano de violência imposto por Israel. Durante a cerimônia do Oscar, o codiretor palestino Basel Adra fez um apelo direto: "Pedimos ao mundo que tome ações concretas para acabar com essa injustiça e interromper a limpeza étnica do povo palestino".
Yuval Abraham também criticou o apoio dos EUA a Israel: "Vocês não percebem que estamos interligados? Meu povo só estará verdadeiramente seguro se o povo de Basel for verdadeiramente livre e seguro. Não há outro caminho", declarou, sob aplausos.
Violência contra envolvidos no filme
Este não é o primeiro ataque contra pessoas ligadas ao documentário. Em março, o codiretor palestino Hamdan Ballal foi espancado por colonos e detido por soldados israelenses. Sua advogada relatou que ele foi vendado, algemado e agredido em uma base militar antes de ser libertado.
