A invasão da ultradireita evangélica dos EUA e os golpes na América Latina

Diferentemente da Bolívia, no Brasil a invasão da ultradireita cristã se dá de forma "pacífica" diante da inércia da resistência ao governo Bolsonaro - de políticos à população com viés progressista

Flavio Bolsonaro e os pastores Raul Ferreira e Ralph Drollinger no Senado (Reprodução/Facebook)
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A matrix evangélica nascida para infiltrar ideias da ultradireita e justificar ações violentas e antipopulares nos governos dos Estados Unidos em nome de Deus está colocando em marcha sua cruzada contra os povos da América Latina. Desde 2017, a Capitol Ministries, capitaneada pelo pastor grandalhão Ralph Drollinger abriu frentes em ao menos uma dezena de países da América Latina. Oficialmente, um dos últimos foi o Brasil, em agosto, quando o pastor presidiu um encontro discreto no Senado, onde foi ciceroneado por Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que o conduziu pelos bastidores dos poderes em Brasília. Drollinger age em conjunto com a The Fellowship Foundation, retratada no seriado The Family, do Netflix, para dar um amparo bíblico, cristão, aos políticos da ultradireita nos EUA e é autor da máxima de que "não é sobre se Deus aceita ou não uma guerra. Ele aceita". Ressaltando, em seguida, que a frase bíblica "bem-aventurados são os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus (Matues 5:9)" refere-se à maneira como os "fiéis" devem conduzir suas vidas pessoais, não os governos. Nos últimos dois anos, os movimentos cristãos evangélicos de ultradireita ganharam força e projeção na América Latina. E agora, com a Bíblia em meio aos fuzis destituem governos progressistas e invadem sedes e embaixadas na nova cruzada contra os pagãos latinos. No Brasil, Bolsonaro cada dia mais busca no movimento amparo para conduzir suas políticas neoliberais. Nos bastidores, Raul José Ferreira Júnior, da Igreja Batista Vida Nova, que foi "ungido" por Drollinger para conduzir os estudos bíblicos no Congresso, transita com maestria e publica fotos nas redes sociais com figuras destacadas do governo, como Sergio Moro e Abraham Weintraub. Diferentemente da Bolívia, no Brasil a invasão da ultradireita cristã se dá de forma "pacífica" diante da inércia da resistência ao governo Bolsonaro - de políticos à população com viés progressista. Porém, tudo está sendo armado - literalmente - para que, assim como nos altiplanos andinos, a matrix evangélica se imponha em terras tupiniquins. Até mesmo com uma guerra em nome de Deus, se necessidade houver.