Após o golpe, vitória da esquerda entre bolivianos no Brasil passa de 70% a 86%

Já o candidato Luis Fernando Camacho, representante da extrema-direita e apoiado por Jair Bolsonaro, teve apenas 900 votos, o equivalente a 3,33%

Presidente Luis Arce (Foto: reprodução Twitter)
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A vitória de Luis Arce nas eleições deste domingo (18), que marcou o retorno do MAS (Movimento Ao Socialismo) ao poder na Bolívia, teve como uma das características mais marcantes o fato de que a votação desse partido, referente da esquerda em seu país, foi muito maior em comparação com a eleição de outubro de 2019, antes do golpe de Estado que derrubou Evo Morales, presidente que foi reeleito naquele então.

Esse fenômeno inclusive se replicou no Brasil, e de forma ainda mais contundente. Em 2019, os bolivianos que votaram nos diferentes consulados do seu país em território brasileiro deram 70,7% a Evo Morales (pouco mais de 22 mil votos). Já neste 2020, Luis Arce recebeu cerca de mil votos a mais, e um percentual de 86,5%.

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Já a oposição mostrou um quadro bastante diferente. No ano passado, antes do golpe de 2019, o segundo candidato mais votado no Brasil foi o surpreendente pastor evangélico Chi Hyun Chung, um coreano naturalizado boliviano, que reuniu pouco mais de 5 mil votos, equivalentes a 16,7%. No entanto, ele terminou em terceiro no resultado a nível nacional, com 8,8%.

Carlos Mesa, candidato neoliberal da coligação Comunidade Cidadã, foi o segundo colocado em 2019 em toda a Bolívia, mas o terceiro no Brasil, com 9,7% (3 mil votos). Este ano, Mesa perdeu cerca de mil votos, e ficou com 7,6%. Já o pastor Hyun Chung teve queda ainda maior: obteve apenas 2,5% (605 votos).

Porém, a grande decepção deste 2020, ao menos no caso da eleição entre os bolivianos no Brasil, foi o candidato Luis Fernando Camacho. Apoiado abertamente pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o representante da extrema-direita boliviana teve exatos 900 votos, o equivalente a 3,33% das preferências.

Em outubro de 2019, Camacho não foi candidato, mas ganhou força como figura nacional no mês seguinte, sendo um dos líderes do golpe de Estado, e chegando inclusive a invadir o palácio presidencial com uma bíblia e a fazer um culto improvisado, após a queda de Evo Morales.