Argentina anuncia que não pagará parcelas da dívida ao FMI nos próximos 3 anos

Projeto de reestruturação da dívida de 46 bilhões de dólares, que foi adquirida em 2018, durante o governo neoliberal de Mauricio Macri, foi apresentado nesta quinta pelo presidente Alberto Fernández e pelo ministro da Economia, Martín Guzmán

Alberto Fernández (foto: Agência Télam)
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Nesta quinta-feira (16), após uma reunião na qual participaram governadores e líderes parlamentares governistas e opositores, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o ministro da Economia, Martín Guzmán, anunciaram o projeto de reestruturação da dívida do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

O principal ponto do projeto apresentado pelo governo é o estabelecimento de um período de carência de três anos, para que a Argentina só comece a pagar a dívida a partir de 2023.

“Enfrentaremos forças que jogarão pesado, com aliados dentro e fora do nosso país, mas temos que arcar com o compromisso que temos com a sociedade de nos unir em torno desta oferta, porque ela é a base uma recuperação econômica com desenvolvimento para todo o país”, afirmou Guzmán.

Guzmán também explicou que a oferta da Argentina aos credores externos representará uma retirada de 5,4% do capital da dívida e de 63% dos juros da mesma, e que os credores terão 20 dias para responder.

Por sua parte, o presidente Alberto Fernández agradeceu a presença de representantes da oposição para apoiar a oferta que o país dará aos mercados. “Esta não tem que ser só uma proposta de um governo, e sim de todo o país, porque a todos nós interessa que a Argentina retome o caminho do crescimento e supere tanto a crise econômica quanto a dívida”, declarou o mandatário peronista.

Fernández também garantiu que “está proposta será negociada, mas há pontos que devemos estabelecer, como a impossibilidade de iniciar o pagamento nestes primeiros anos, em que a prioridade é recuperar a economia. Depois, que não podemos ceder aos que nos pedem mais ajustes fiscais, porque isso já foi feito, sem sucesso, e significaria destruir as oportunidades de milhões de pessoas na Argentina”.

A dívida argentina com o FMI foi adquirida em junho de 2018, durante o governo de Mauricio Macri. O acordo inicial previa um empréstimo de 57 bilhões de dólares ao país, mas os últimos 11 bilhões não foram entregues, devido a que Alberto Fernández, já como presidente-eleito, evitou seu repasse. Assim, o total da dívida ficou em 46 bilhões de dólares.