Assassinos do jornalista saudita Khashoggi o trataram como "animal destinado ao sacrifício"

Entre piadas e risadas, um grupo de 15 agentes sauditas esquartejou Khashoggi

O jornalista saudita Jamal Khashoggi (Foto: Facebook)
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Gravações reveladas pela advogada Helena Kennedy, que participou das investigações da ONU sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi, mostram detalhes sórdidos da execução do comunicador opositor ao regime da Arábia Saudita. Os assassinos teriam debochado do jornalista enquanto o esquartejavam. "Eles se perguntavam ‘se o corpo e o quadril dariam dentro de uma bolsa dessa maneira'", disse a advogada em documentário da BBC lançado na segunda-feira (30), cerca de um ano após o assassinato que ocorreu em 2 de outubro de 2018 e tem fortes suspeitas do envolvimento do governo da Arábia Saudita, já que Khashoggi era um ativista político opositor ao regime do país e editor do jornal Al Watan, voltado aos progressistas árabes. Kennedy conta também que um médico legista que faria parte do grupo ainda fala que "é a primeira vez na minha vida que tenho que cortar pedaços no chão – até um açougueiro que quer cortar um animal o pendura", seguido de risadas. "Costumo ouvir música ao cortar cadáveres. Às vezes com um café e um cigarro na mão", teria dito ainda o médico. As falas constam em uma gravação de 45 minutos que foi disponibilizada pela Turquia à ONU. O jornalista foi morto dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul e teria envolvido 15 agentes sauditas. Um relatório da CIA (a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) afirma que o jornalista foi morto e teve ser corpo mutilado a mando do príncipe saudita Mohammad bin Salman. Uma especialista da ONU, Agnes Callamard, também chegou à mesma conclusão.