Austrália destrói 1 tonelada de cloroquina doada por bilionário que chamou Covid de "gripe"

Clive Palmer, empresário do ramo da mineração, queria fazer autopromoção e estampar seu nome nos comprimidos do remédio sem eficácia contra Covid; país da Oceania nunca usou cloroquina em larga escala

Cloroquina (Agência Brasil/Arquivo)
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O governo da Austrália destruiu 1 tonelada (5 milhões de comprimidos) de cloroquina. O remédio havia sido doado em agosto do ano passado por Clive Palmer, bilionário do ramo da mineração que minimiza a doença do coronavírus.

O país da Oceania recusou a doação e o material estava parado desde 2020 no galpão de um aeroporto, até ser destruído em abril deste ano, segundo revelação feita pelo britânico The Guardian em reportagem publicada nesta quarta-feira (13).

Palmer anunciou doação de cloroquina em março de 2020 e, a princípio, o governo australiano se interessou pela proposta, mas pouco tempo depois recusou, diante de estudos que mostravam a ineficácia do remédio contra a Covid-19. O empresário chegou a pagar anúncios em jornais se referindo ao medicamento como "cura da Covid".

A Austrália nunca utilizou cloroquina em larga escala para tratamento de Covid-19, se limitando a fazer estudos clínicos com o remédio.

Quando a carga com 1 tonelada de cloroquina doada por Palmer chegou ao país, as autoridades locais já emitiam alertas à população para que não tomassem o remédio para tratar ou prevenir a Covid e chegaram a ameaçar médicos que receitassem a droga em pacientes com a doença do coronavírus de punição.

O bilionário, segundo o The Guardian, tinha a intenção de estampar seu nome nos comprimidos de cloroquina para se promover. Negacionista, ele já chegou a comparar Covid com "gripe" - assim como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que incentiva até hoje o uso de cloroquina e já chamou a doença de "gripezinha".

*Com informações do The Guardian e Deutsche Welle