Campeão: Rede com mais de 1500 ONGs elege Bolsonaro como o "fóssil" da COP26

"Antiprêmio" concedido pela Climate Action se deve aos ataques do presidente brasileiro aos povos indígenas

Bolsonaro é representado como "criminoso climático" em manifestação em Glasgow, durante a COP26 (Reprodução)
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O presidente Jair Bolsonaro não foi à COP26 (Conferência para Mudanças Climáticas da ONU) em Glasgow, na Escócia, mas recebeu um prêmio relacionado ao evento: o de "fóssil da semana".

Trata-se de uma "antipremiação" concedida pela rede Climate Action, composta por mais de 1500 ONGs, aos países e chefes de Estado que prejudicam as ações contra o aquecimento global e as mudanças climáticas, principal objetivo da COP.

Bolsonaro foi "agraciado" com o título devido aos ataques que faz aos povos indígenas e, principalmente, por ter criticado a jovem militante indígena Txai Suruí, que discursou na abertura do evento.

“Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o [cacique] Raoni, para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém viu o norte-americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia? É só aqui”, queixou-se Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada na última quinta-feira (4).

A fala de Bolsonaro sobre a líder indígena foi determinante para que a Climate Action o escolhesse como "fóssil da semana".

"Na segunda-feira, a ativista indígena Txai Suruí foi elogiada por seu poderoso discurso na conferência que contou aos líderes mundiais sobre o impacto que a mudança climática já está tendo em sua tribo. Infelizmente, isto não aconteceu muito bem em casa, onde ela foi publicamente criticada pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, por 'atacar o Brasil', levando os trolls online a abusar da indígena de 24 anos de idade", escreveu a entidade.

A rede de ONGs ainda fez referência ao vice-presidente Hamilton Mourão: "Tal comportamento desprezível está bem documentado no Brasil; invasões de terras indígenas dispararam; a mineração de ouro de gatos selvagens está poluindo os cursos d'água, a intimidação é generalizada e eles têm um vice-presidente que justificou negar a água doce às aldeias atingidas por Covid porque 'os índios bebem dos rios'. Poderíamos continuar a falar sobre florestas tropicais e desmatamento, mas achamos que já se percebeu a ideia".

"Tudo o que podemos esperar é que a sanidade seja totalmente restaurada após as eleições, programadas para outubro próximo, e políticas progressistas sejam implementadas para salvaguardar a terra e os direitos dos povos indígenas e proteger o que resta das florestas tropicais", prosseguiu.

Fora Bolsonaro em Glasgow

A cidade de Glasgow, na Escócia, onde ocorre a COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021), foi tomada na manhã desta sexta-feira (5) por milhares de jovens em uma marcha contra o aquecimento global e reivindicando ações efetivas dos chefes de Estado para conter o problema.

Trata-se da Fridays For Future, mobilização realizada há anos todas as sextas-feiras, em diferentes partes do mundo, contra as mudanças climáticas, que tem como uma de suas principais líderes a ativista Greta Thunberg. A jovem sueca, inclusive, esteve presenta na passeata em Glasgow, que contou ainda com a presença da ativista ugandense Vanessa Nakate, da líder indígena brasileira Txai Suruí, que discursou na cerimônia de abertura da COP26, entre outras jovens lideranças mundiais.

Os indígenas brasileiros, inclusive, ficaram na linha de frente do protesto e, ao longo da passeata, gritos de “Fora Bolsonaro” e “genocida”, em referência ao presidente brasileiro, foram entoados.

Cartazes denunciando o desmatamento na Amazônia e frases de “Bolsonaro out” (Fora Bolsonaro em inglês) também foram observados na marcha, bem como um boneco representando o presidente brasileiro, ao lado de outros líderes mundiais, “celebrando” a destruição do meio ambiente.

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