Celso Amorim aposta que Unasul "vai reviver" e critica cooptação de militares por Bolsonaro

Em entrevista ao Fórum América Latina, o ex-ministro comentou sobre o Grupo de Puebla e o cenário político latino-americano

Reprodução/YouTube/Fórum América Latina
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O ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim, comentou sobre a inserção do Grupo de Puebla no cenário internacional durante entrevista ao Fórum América Latina na última segunda-feira (1) após reunião do grupo realizada na última sexta-feira. O diplomata também tratou sobre a possível retomada da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a atuação do governo de Jair Bolsonaro.

"O Grupo de Puebla é um grupo muito significativo. São mais de 30 membros, além do grupo jurídico, a Clajud. Dentro de Puebla temos 10 ex-presidentes, um presidente em exercício, o Alberto Fernández, da Argentina, além da atuação do governo do México. É muito significativo", declarou durante entrevista aos jornalista Lucas Rocha e Rogério Tomaz Jr.

"É um grupo muito representativo que já começa a ter sua voz ouvida no mundo. Eu tive um medo de nós falarmos muito para nós mesmos, mas não é assim. Um exemplo é a mensagem do secretário-geral da ONU, o António Guterres, a autoridade internacional mais alta. Ele se dirigir ao grupo demonstra a importância e o apreço que ele tem mesmo não sendo um grupo de países", avaliou Amorim.

Para o ex-ministro, a saudação está ligada à posição firme que Puebla adotou diante da pandemia do novo coronavírus.

O ex-chanceler ainda comentou sobre a possível retomada da Unasul. Para ele, o bloco "vai reviver". "A volta de governos progressistas na América do Sul propicia, obviamente, o retorno da Unasul. A Unasul nunca foi enterrada de todo porque alguns países continuaram, mas agora tendo Argentina, Bolívia e uma possível vitória da esquerda no Equador você já tem uma massa crítica que permita que ela seja reativada", afirmou.

"Eu acho que nós temos que preservar o Mercosul, fortalecer a Celac e renascer a Unasul, são essas três bandeiras que nós temos na nossa região", defendeu. "Eu acho que a Unasul vai reviver. Ela é importante e fundamental para nós", completou.

O ex-ministro da Defesa ainda comentou sobre a relação do governo Bolsonaro com as Forças Armadas. "Eu não acho que os militares estão sendo valorizados, estão sendo cooptados por interesses individuais ou corporativos. Em termos de investimento, os governos do PT foram extremamente positivos. Precisamos distinguir o comportamento dos militares das Forças Armadas, apesar dos diversos ministros, e não podemos dispensá-las", analisou.

"Eu lamento muito que elas estejam tão cooptadas pelo governo Bolsonaro porque não é bom nem pra elas, que ficam contaminadas ideologicamente", disse ainda.

ASSISTA À ENTREVISTA:

https://www.youtube.com/watch?v=X74maPVAHeY