Após três anos de esforço para manter a Covid-19 sob controle, a China afrouxou recentemente as respostas à pandemia. Até que o vírus se tornasse menos letal, prevaleceu a política dinâmica zero-covid, o que ajudou a evitar que a maioria das pessoas fosse exposta a variantes perigosas. Nesta quinta-feira (22), 692 mil e 280 brasileiros morreram de Covid. Nos EUA, 1 milhão e 100 mil pessoas. Na China continental, 5.237.
Com as mudanças das respostas à Covid-19, os casos aumentaram, especialmente em grandes cidades como Pequim, Xangai e Guangzhou. Os hospitais estão ajustando equipes e estrutura para lidar com o número crescente de casos e as emergências estão lotadas. Mais de 600 milhões de chineses devem se infectar neste inverno.
Te podría interesar
O epidemiologista chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, Wu Zunyou, disse em uma conferência no sábado (17) que a China esperou o tempo suficiente para que o público fosse vacinado. Após três anos, a taxa de casos graves no país vem diminuindo gradativamente, passando de 16,47% em 2020 para os atuais 0,18%.
A resposta da China à Covid-19 passou por ajustes graduais, as decisões são científicas, corretas e de acordo com a situação da China, defendeu Wu. Ele também acredita que os três anos foram ganhos, durante os quais a virulência do vírus enfraqueceu e mais pessoas foram inoculadas, criaram a chance de otimizar a prevenção do vírus e ajudaram o país a evitar um grande número de mortes.
Hospitais preparados
O diretor do departamento respiratório do Shanghai Children's Medical Center, Yin Yong, disse em entrevista ao Global Times que, para enfrentar essa nova onda, o hospital reorganizou os recursos e montou clínicas de febre, serviços ambulatoriais de quarentena para casos positivos e diferentes áreas para pacientes com Covid-19 com sintomas graves.
"Todos os equipamentos necessários, incluindo ventiladores e monitores, já estão instalados; médicos com vasta experiência em lidar com pacientes com Covid-19 também estão prontos", descreveu Yin. Ele destacou que o foco está nos grupos vulneráveis. O único problema, alertou, é a falta de remédios.
As cidades e instituições médicas chinesas estão intensificando os esforços para expandir as unidades de terapia intensiva (UTIs) e aumentar as reservas de recursos médicos e instalações de tratamento para lidar com casos graves de Covid-19, em uma tentativa de fortalecer as capacidades de tratamento médico para lidar com um pico previsto de infecções.
Escassez de medicamentos
De acordo com o jornal chinês SCMP, o atual surto de Covid-19 desencadeou escassez generalizada de medicamentos, mas as autoridades e as grandes farmacêuticas têm procurado acalmar as preocupações e dizem que todas as mãos estão no convés para aliviar o problema.
Governos, empresas farmacêuticas e de logística correm contra o relógio para garantir o amplo abastecimento de medicamentos desde 14 de dezembro. Pequim assegura suprimentos médicos suficientes para atender a demanda e que há cooperação com a comunidade internacional para continuar para os desafios da Covid-19.
O comentário foi feito pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, nesta quarta-feira (21). Ela informou que o fornecimento geral de medicamentos e kits de teste pode atender à demanda e a China continuará cooperando com o mercado e com a comunidade internacional frente aos desafios ligados à epidemia.
Pico de infecções
A porta-voz comentou que como alguns centros de dados nos últimos dias estavam calculando as curvas do Covid-19 para cada localidade, várias províncias emitiram avisos abordando os números de previsão de pico de infecções, muitos dos quais devem cair em janeiro, quando o maior festival para o povo chinês - o Festival da Primavera - irá ocorrer
De acordo com as novas mudanças na pandemia, a China está constantemente otimizando as medidas de prevenção e controle para garantir uma melhor coordenação da prevenção e controle da epidemia e o desenvolvimento econômico e social, disse Mao.
Reação no ocidente
O novo surto de Covid na China gerou reação no Ocidente. Dos EUA, o porta-voz do departamento de Estado, Ned Price, disse estar preocupado que o surto atual na China possa gerar novas mutações do vírus.
Do Brasil, o professor Elias Jabbour, que estuda o país asiático há mais de 25 anos, comentou em uma sequência de postagens no Twitter que houve erros na política do governo chinês, que virão à tona na hora certa.
Jabbour alertou que a economia mundial não aguentaria o baque do rompimento completo das cadeias globais de valor resultante da conjunção entre o conflito na Ucrânia e o Covid na China. "Por outro lado existem lições a serem tiradas disso tudo. O capitalismo normalizou a morte de milhões por Covid", comentou.
Abordagem com característica chinesa
O especialista em respiração do Primeiro Hospital da Universidade de Pequim, Wang Guangfa, disse em entrevista ao Global Times que o relaxamento das políticas contra a Covid da China não é o mesmo que os países ocidentais.
"Eles desistiram porque não tinham nosso sistema de manter o vírus sob controle por meio de testes em massa e gerenciamento estático. Ômicron transmite mais rápido, mas tem patogenicidade relativamente baixa. Se ainda usássemos a maneira antiga de lidar com a onda Ômicron, o preço seria insuportável", comparou.
"Esperamos três anos para reabrir com abundantes planos de backup para lidar com a 'onda de saída', disse Wang. "Eles foram forçados a se render diante de variantes muito perigosas, como a Delta", finalizou.
Com informações do Global Times