CHINA EM FOCO | CRISE EM TAIWAN

China impõe sanções a Nancy Pelosi e familiares imediatos após visita a Taiwan

Anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores na tarde desta sexta-feira (5) por meio de comunicado

Créditos: VCG: Presidenta do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi
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O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou na tarde (horário de Pequim) desta sexta-feira (5) que sancionará a presidenta do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, e seus familiares imediatos, por ela ter desconsiderado a séria preocupação e a firme oposição da China e insistiu em visitar a região chinesa de Taiwan.

"Isso interfere seriamente nos assuntos internos da China, mina a soberania e a integridade territorial da China, atropela o princípio de Uma só China e ameaça a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

As sanções impostas pelo Ministério das Relações Exteriores chinês a Pelosi incluem oito pontos: o cancelamento de diálogo entre comandos militares, de reuniões do Acordo Consultivo Marítimo Militar (MMCA) e a suspensão de cooperação no repatriamento de imigrantes ilegais, em matéria de assistência jurídica na área penal, contra crimes transnacionais, antinarcóticos e conversas sobre mudanças climáticas.

China faz demonstração da força bélica em defesa da integridade territorial

O Exército de Libertação do Popular (ELP) realiza até domingo (7) exercícios militares em larga escala que bloqueiam completamente a ilha de Taiwan. As forças armadas chinesas deram início ao uso de fogo real após a primeira fase de preparativos deflagrada na noite de terça-feira (2), quando a presidenta do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, visitou a ilha e violou seriamente a soberania da China.

ELP

A ilha de Taiwan está cercada por todos os lados pelas forças do Exército de Libertação Popular (ELP). O cerco teve início ao meio-dia de quinta-feira (4) e vai até domingo (7) e etá sendo feito ao redor do território insular em seis grandes áreas marítimas e espaço aéreo no norte, nordeste, leste, sul, sudoeste e noroeste.  

Os exercícios militares do ELP são sem precedentes e apresentam armas avançadas, com artilharia de foguetes de longo alcance, mísseis balísticos antinavio, caças furtivos e um grupo de porta-aviões com um submarino movido a energia nuclear. Além de táticas realistas que simulam uma operação real de reunificação por força. 

ELP

A atividade militar é apontada por especialistas como uma demonstração da potência e do aprimoramento das capacidades do ELP não apenas para dominar a ilha, mas também evitar qualquer interferência externa, inclusive dos EUA.

Ataques de foguetes de longo alcance podem ser um dos primeiros movimentos em uma potencial operação de reunificação pela força. Isso porque as armas de baixo custo podem ser lançadas em massa do continente através do Estreito de Taiwan para destruir instalações militares hostis, o que inclui instalações de defesa aérea, sistemas de radar, aeródromos, bases e centros de comando com precisão. Essa tática cria vantagens para as próximas operações de aviões e navios de guerra do ELP, apontou um especialista militar de Pequim em condição de anonimato ao jornal chinês Global Times.

Além do Exército e da Força de Foguetes, a Marinha e a Força Aérea também realizaram operações militares conjuntas, com mais de 10 destróieres e fragatas realizando bloqueios conjuntos, patrulhas de alerta e reconhecimento e dois porta-aviões, o Liaoning e o Shandong. Mais de uma centena de aviões de guerra, incluindo caças e bombardeiros, realizaram operações conjuntas de reconhecimento, ataque aéreo e missões de apoio ao redor da ilha de Taiwan.

ELP

As atividades do ELP não cobriram apenas a ilha de Taiwan, mas também Kinmen, administrada pelo território insular, que fica a apenas 10 quilômetros da cidade chinesa de Xiamen.

O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional da China, Tan Kefei, em comunicado divulgado nesta quinta, afirmou que os militares chineses mantêm a palavra. "Os exercícios militares conjuntos e as atividades de treinamento em torno da ilha de Taiwan são um sério impedimento contra o conluio entre os EUA e Taiwan", pontuou.

Tan informou que a China adverte os EUA e o Partido Democrático Progressista (DPP, da sigla em inglês) de Taiwan que o conluio entre ambos só trará desastre para a região e colocará em perigo o povo da ilha. "A reunificação completa da China é uma tendência histórica imparável e a China defenderá sua soberania nacional e integridade territorial, não deixando espaço para ações de 'independência de Taiwan' ou interferência externa", acrescentou.

Bloqueio completo

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, declarou nesta quinta que depende dos EUA e das forças separatistas em Taiwan o fim do bloqueio da ilha. "Enquanto eles continuarem com suas ações secessionistas, não deixaremos de mostrar nossa determinação de salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial", afirmou. 

A mídia na ilha expressou preocupações não apenas do ponto de vista militar, mas também em outros campos relacionados à vida cotidiana das pessoas, como fornecimento de energia e voos na ilha, pois os exercícios do ELP formam basicamente um bloqueio de três dias na ilha.

Há riscos de que os exercícios afetem o transporte e reabastecimento de navios de gás natural que são vitais para a geração de energia na ilha. De acordo com a mídia der Taiwan, os navios de gás natural nos portos de Taichung e Kaohsiung estão operando normalmente, mas uma empresa de energia petroquímica local tem observado de perto a situação e elaborou planos de resposta a emergências.

A mídia taiwanesa informa que os estoques totais de petróleo da ilha são suficientes para 100 dias de uso; os de carvão, para cerca de 30 dias; e o de gás natural para apenas 10 a 11 dias. 

Também segundo a imprensa de Taiwan, 18 rotas aéreas internacionais e 900 voos programados para passar pelo Estreito  foram ajustados devido aos exercícios do ELP. Os aeroportos da ilha cancelaram 66 voos até quarta-feira em razão da movimentação militar.

China escala reação ao comunicado do conjunto do G7 e UE sobre Taiwan

O conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, criticou nesta  quinta-feira (4) a declaração dos ministros das Relações Exteriores do G7 e do alto representante da União Europeia sobre a região de Taiwan da China após a visita da presidenta do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha.

A declaração de Wang soma-se a outras manifestações de autoridades chinesas, que também criticaram o comunicado conjunto. O chanceler chinês  fez as declarações enquanto participava da Reunião de Ministros das Relações Exteriores China da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Phnom Penh, Camboja.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, também atacou os países do G7 pelo comunicado conjunto com a UE. Ela observou que os chefes das legislaturas dos sete países devem seguir as políticas externas que os governos reconhecem e se comprometem.

O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Deng Li, convocou os enviados diplomáticos dos países relevantes na quinta para apresentar representações solenes sobre a declaração conjunta dos ministros das Relações Exteriores do G7 e do alto representante da UE em relação à região chinesa de Taiwan.