CHINA EM FOCO | CRISE EM TAIWAN

Viagem de Nancy Pelosi a Taiwan acelerou processo de reunificação da China

A passagem relâmpago da parlamentar dos EUA pela ilha chinesa aumentou o consenso do princípio Uma só China; Pequim recebeu o apoio massivo da comunidade internacional, enquanto Washington teve adesão minguada de aliados em torno da questão

Créditos: Global Times
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A visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à região chinesa de Taiwan se transformou em uma "farsa" que não apenas saiu pela culatra, mas consolidou o consenso da política de 'Uma só China' entre a comunidade internacional. A avaliação é do conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.

O chanceler fez a declaração durante uma entrevista coletiva concedida em Phnom Penh, Camboja, na sexta-feira (5). Em resposta ao que os EUA chamam de precedente de uma visita semelhante de um parlamentar anterior, Newt Gingrich, a Taiwan há 25 anos, Wang disse: "Isso foi um erro grave, e os erros do passado não podem ser usados como desculpa para repeti-los hoje."

CGTN - Conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.

Wang comentou que em decorrência do bullying dos EUA, mais de 100 países se manifestaram e reiteraram o compromisso com o princípio de 'Uma só China' e expressaram apoio à posição legítima de Pequim. 

O ministro chinês avaliou ainda que é um rumor completo e calúnia dos EUA de que a China mudou o status quo no Estreito de Taiwan. Ele ressaltou que são os Estados Unidos e as forças separatistas em Taiwan que precisam ser responsabilizadas por quebrar o status quo na região.

"A República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China. Este é o verdadeiro status quo da questão de Taiwan", destacou o ministro das Relações Exteriores.

Wang pediu aos líderes estadunidenses que dêem uma boa olhada nos Três Comunicados Conjuntos que são o pilar das relações diplomáticas China-EUA. relações diplomáticas, pois os documentos os ajudarão a aprender qual é o real status quo e quem exatamente o mudou.

O mesmo aviso vale para o Partido Democrático Progressista de Taiwan, que continua buscando a "independência de Taiwan" e fabricando "duas Chinas ou uma China e uma Taiwan" em momentos diferentes, finalizou o chanceler.

Comunidade internacional declara apoio massivo ao princípio 'Uma só China'

Ministros das Relações Exteriores e partidos políticos de diversas nações, embaixadores de vários países na China e agências internacionais mundo afora expressaram firme apoio ao princípio de Uma só China e oposição à visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, à região chinesa de Taiwan na última terça-feira (2). 

Na avaliação desses representantes da comunidade internacional, o ato da parlamentar estadunidense infringe a soberania e a integridade territorial da China.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou na quarta-feira (4) a política de Uma só China do organismo mundial, já que a visita de Pelosi a Taiwan criou tensões.

Entre os países que manifestaram apoio e descontentamento com a provocação de Pelosi à Pequim figuram Brasil, Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Bolívia, Brunei, Camboja, Catar, Cazaquistão, Cingapura, Chile, Comores, Coreia do Norte, Costa Rica, Cuba,  Djibouti, Dominica, Egito, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Iêmen, Indonésia, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Laos, Líbano, Líbia, Malásia, Marrocos, Mauritânia, México, Mianmar, Nicarágua, Nova Zelândia, Omã, Palestina, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Síria, Somália, Sudão, Tailândia, Trindade e Tobago, Tunísia, Uruguai, Venezuela e Vietnã, entre outros.

Apoio de partidos políticos de mais de 40 países

Partidos políticos de muitos países também expressaram forte oposição à visita de Pelosi à região chinesa de Taiwan. Por meio de mensagens recebidas pelo Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), essas legendas reiteraram a adesão ao princípio de Uma só China e instaram o lado dos EUA a parar imediatamente de interferir nos assuntos internos chineses.

Ao todo, mais de 60 partidos políticos em mais de 40 países expressaram firme oposição à visita de Pelosi à região de Taiwan entre eles o Partido Comunista da Federação Russa, o Partido Mazdoor Kisan do Paquistão, o Partido Comunista Alemão, o Partido Comunista do Egito, a Frente de Luta Popular Palestina, o Partido Comunista da Bolívia, o Partido dos Trabalhadores da Coreia, o Partido Mongol Civil Will-Green, o Partido Comunista do Chile, o Partido Comunista de Portugal e o Partido da Solidariedade e Progresso da França.

Apoio de partidos não-comunistas da China

Internamente, o PCCh também recebeu apoio dos oito partidos não comunistas da China, que emitiram uma declaração conjunta na quinta-feira (4) em que condenaram a visita de Pelosi à região de Taiwan.

A declaração conjunta foi emitida pelo Comitê Revolucionário do Kuomintang chinês, a Liga Democrática da China, a Associação Nacional Democrática de Construção da China, a Associação Chinesa para a Promoção da Democracia, o Partido Democrático dos Camponeses e Trabalhadores Chineses, o Partido Zhi Gong da China, a Sociedade Jiusan, e a Liga de Autogoverno Democrática de Taiwan.

Apoio de Hong Kong 

O governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) declarou na sexta-feira (5) que apoia totalmente todas as medidas necessárias tomadas pelo governo central em resposta à visita altamente provocativa da presidenta da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha chinesa de Taiwan.

O governo de Hong Kong irá salvaguardar resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial, acompanhar de perto o desenvolvimento da situação e manter contacto com os departamentos relevantes do governo central.

EUA têm apoio minguado de aliados sobre a questão de Taiwan

O princípio de Uma só China é forte consenso internacional. Em contraste ao apoio massivo recebido pela República Popular da China da comunidade internacional, os EUA receberam endossos limitados de aliados no que diz respeito à acusação de Washington contra Pequim sobre a tensão no Estreito de Taiwan. 

O governo estadunidense tem tentado reunir sua influência limitada para obter endossos de aliados para seguir sua posição de condenar as ações militares legítimas da China em torno da ilha de Taiwan em resposta à viagem provocativa da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha.

Apenas alguns aliados dos EUA, como Japão e Austrália, permaneceram em sintonia com a posição de Washington neste sábado (6). Outros países, sejam grandes potências europeias ou aliados-chave dos EUA na região, como a Coreia do Sul, têm sido contidos e apenas expressaram "preocupações" sobre a tensão" ou instaram a "diminuir a tensão" sem condenar as contramedidas da China.

Analistas chineses ouvidos pelo jornal Global Times avaliam que esse apoio massivo da comunidade internacional à reação chinesa à provocação de Pelosi provou que a influência global dos EUA tem diminuído, principalmente após a eclosão do conflito Rússia-Ucrânia em fevereiro deste ano, quando os EUA organizaram o mundo ocidental para sancionar a Rússia. 

Os EUA uniram ainda menos países para se juntarem à sua provocação e condenação contra a China na atual tensão do Estreito de Taiwan desta vez, porque o princípio de Uma só China é um consenso internacional inabalável, e o mundo está cansado dos padrões duplos dos EUA sobre "soberania e integridade territorial" ao tratar de assuntos diversos.

No sábado (6), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken; o ministro das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong; e o ministro das Relações Exteriores do Japão, Hayashi Yoshimasa, se reuniram em Phnom Penh à margem da Reunião de Ministros das Relações Exteriores da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). 

Os principais diplomatas dos três países expressaram preocupação com "as recentes ações da República Popular da China (RPC) que afetam gravemente a paz e a estabilidade internacionais, incluindo o uso de exercícios militares em larga escala. Eles condenaram o lançamento de mísseis balísticos da RPC" e "exortou a RPC a cessar imediatamente os exercícios militares."

Analistas disseram que esse tom é mais provocativo do que a declaração anterior do G7 e também é mais hostil do que a posição da União Europeia (UE) e dos principais países europeus que acabaram de expressar "preocupações". O s principais diplomatas dos três países fecharam totalmente os olhos para a visita de Pelosi, que é a raiz da tensão atual.

Por exemplo, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, Christofer Burger, pediu "redução da escalada na região, enfatizando que as disputas devem ser resolvidas pacificamente e por acordo mútuo de todos os lados", sem qualquer condenação. O porta-voz do vice-governo alemão, Wolfgang Buchner, disse em entrevista coletiva, em Berlim, que a Alemanha continua comprometida com a política de "Uma só China".

Embora a Alemanha seja membro do G7, sua postura, especialmente quando as autoridades alemãs fazem as próprias declarações, é pelo menos mais neutra e sutil do que a declaração do G7 que foi realmente produzida sob influência e pressão dos EUA, de acordo com um especialista em Pequim em assuntos de relações internacionais ouvido pelo GT que pediu anonimato.

Da mesma forma, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Park Jin, expressou na sexta-feira (5) "preocupações com o aumento das tensões em torno de Taiwan". Embora a Coreia do Sul apoie a "política de Uma só China", Park disse que é importante manter a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan, dada sua importância estratégica de segurança e economia, informou a Yonhap News, veículo de imprensa sul-coreano.

Embaixada chinesa nos EUA reage à críticas de Washington sobre exercício militar em torno de Taiwan

O embaixador chinês nos EUA, Qin Gang, rejeitou as acusações de Washington sobre as contramedidas dos militares chineses contra a recente visita a Taiwan feita pela presidenta da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, após ser convocada pelo Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

A China anunciou uma série de medidas, incluindo exercícios militares de fogo real cercando a ilha de Taiwan, de 4 a 7 de agosto.

"Apesar das repetidas e sérias advertências da China com antecedência, os EUA fizeram a presidenta da Câmara Nancy Pelosi visitar Taiwan. Isso prejudicou seriamente a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e nas relações China-EUA", afirma um comunicado divulgado pela Embaixada da China nos EUA. A mensagem salientou que Washington deve assumir a responsabilidade pela situação atual.

"A acusação dos EUA de que a China está aumentando a tensão é completamente infundada e falsa. Os fatos provaram que os EUA são os causadores de problemas para a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan e da região", disse o comunicado.

Ao se reunir com os funcionários da Casa Branca, o embaixador Qin enfatizou que as contramedidas tomadas pelo Exército de Libertação Popular (ELP) são “necessárias e legítimas” para deter as forças separatistas da “independência de Taiwan” e salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial.

Ele instou os EUA a honrar seu compromisso de cumprir o princípio de Uma só China e não apoiar a "independência de Taiwan" e agir imediatamente para corrigir seus erros e eliminar o grave impacto da visita de Pelosi.

Ex-liderança do Partido Kuomintang de Taiwan critica visita de Pelosi à ilha

CGTN - ex-líder do Partido Kuomintang de Taiwan, Hung Hsiu-chu

A ex-líder do Partido Kuomintang de Taiwan, Hung Hsiu-chu, disse em Taipei que a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha foi irresponsável e deixou uma bagunça para trás. Ela fez os comentários em uma entrevista online à rede de notícias chinesa CGTN.

As declarações de Hung estão em sintonia com as do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China, que também teceu críticas às autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP, da sigla em inglês) por conspirarem com forças estrangeiras para buscar a "independência de Taiwan". Para impedir tais tentativas, o continente iniciou uma série de exercícios conjuntos navais-aéreos em torno da ilha de Taiwan.

Na entrevista, Hung disse que Pelosi veio com um motivo oculto, e era difícil para as pessoas que realmente amam Taiwan serem felizes, e a situação no Estreito de Taiwan se tornou mais crítica. "Existem exercícios militares em torno de Taiwan e centenas de produtos agrícolas não podem mais ser exportados para o continente. Isso afeta a economia. Mas as autoridades de Taiwan não podem fazer nada para resolver o problema", afirmou.

"Nancy Pelosi deixou Taiwan em uma bagunça, e acho que deveríamos tê-la deixado ficar aqui por mais tempo para saber como é estar cercada por brocas de munição real. E então, deveríamos ter perguntado a ela o que ela poderia fazer para apoiar Taiwan e resolver a questão de Taiwan."

Sobre o propósito alegado por Pelosi para justificar a visita à Taiwan teria sido o de reafirmar o apoio dos EUA à ilha e para promover interesses comuns, como uma região do Indo-Pacífico mais aberta, Hung descartou a narrativa. "Eu realmente não entendo de que interesses comuns Nancy Pelosi fala e o que é uma região chamada Indo-Pacífico livre e aberta. Isso significa que eles podem fazer o que quiserem na região? Nós não entendemos. E ela não deixou claro", comentou.

"Hoje, uma jornalista perguntou, depois de sua visita, que benefícios concretos Taiwan obteve? É uma pena que ela não possa responder e nem mesmo saiba. Seu verdadeiro objetivo é promover seus próprios interesses em nome da democracia e da liberdade."

A ex-líder do Partido Kuomintang destacou ainda que, por um lado, Pelosi tenta aumentar o prestígio dos Estados Unidos, incluindo o seu próprio, e, por outro, tenta mudar a queda na popularidade dos democratas dos EUA antes das próximas eleições.

Em relação à forte resposta do continente à visita de Pelosi, incluindo os exercícios militares que começaram na quinta-feira (4), Hung disse estar muito preocupada com a situação atual e ainda mais preocupada com o efeito contínuo de "janela quebrada".

"Quando Nancy Pelosi deixou Taiwan na quarta-feira, ela disse que Pequim não pode impedir ninguém de visitar Taiwan. O que ela quer dizer? Sem dúvida, ela está fazendo provocações deliberadas. O que ela faz não só afetará a estabilidade da região, mas também a situação política no continente e em Taiwan", disse Hung.

"Acho certo que o continente ataque 'secessionistas de Taiwan'. E também espero que faça isso de acordo com a lei e não prejudique os interesses dos empresários patriotas de Taiwan. Caso contrário, aumentará o campo verde [ em alusão aos integrante do DPP].

Ela desaprova os "secessionistas" em Taiwan e aqueles que se beneficiam do continente e falam mal dele ao mesmo tempo. "Para essas pessoas, não desaprovo advertências e até punições do continente, e até acho necessário", finalizou.

A visita de Pelosi a Taiwan expõe a natureza política de Tsai Ing-wen

Wikimedia Commons - Tsai Ing-wen

Bajular os Estados Unidos, buscar a 'independência de Taiwan' e trair os interesses de Taiwan. Essa é a natureza política da governante do território insular chinês, Tsai Ing-wen, e das demais autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP) de acordo com a avaliação de especialistas de ambos os lados do Estreito de Taiwan ouvidos pela agência Xinhua.

O especialista em estudos de Taiwan na Universidade de Nanjing, Liu Xiangping, listou os delitos de Tsai no conluio EUA-Taiwan, incluindo lisonjear autoridades americanas visitantes como "convidados ilustres", independentemente de sua posição e intenções, e "derramar lágrimas de gratidão" pelo apoio dos EUA.

Mais de uma vez, Tsai ofereceu aos políticos dos EUA o chamado "prêmio" para mostrar "amizade", disse Liu. Esses políticos incluíam não apenas Pelosi, mas também o ex-secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que se orgulha de "mentir, trapacear e roubar".

"Não pode ser mudado o fato de que os Estados Unidos tomam Taiwan como seu 'peão' e 'caixa eletrônico', não importa como as autoridades do DPP encobrem as coisas com a chamada amizade Taiwan-EUA", enfatizou Liu.

A obediência de Tsai e das autoridades do DPP aos Estados Unidos também gerou críticas em Taiwan. O pesquisador da Sociedade de Estudos Estratégicos de Taiwan, Chang Ching, disse que tal conformidade só faria de Taiwan um servo ou peão dos Estados Unidos.

Especialistas disseram acreditar que Tsai e as autoridades do DPP tinham múltiplos propósitos ao encenar o show: enganar o público para obter vantagem nas próximas eleições locais; expressar obediência aos Estados Unidos em troca de mais apoio à "independência de Taiwan"; e resistir à reunificação, refugiando-se nos Estados Unidos.

"Por motivos egoístas, Tsai e as autoridades do DPP dobraram os joelhos e traíram a nação chinesa em troca de apoio externo", disse Liu.

Ecoando as forças anti-China nos Estados Unidos, as autoridades do DPP branquearam sua agenda separatista, agindo como uma suposta defensora da democracia.

Desde que chegou ao poder em 2016, Tsai e as autoridades do DPP não pouparam esforços para promover a "independência de Taiwan", que representava a maior ameaça à paz e à estabilidade no Estreito de Taiwan.

"Por causa de sua própria agenda, as autoridades do DPP não hesitam em arrastar o povo de Taiwan para o abismo do desastre", disse Liu.

Tsai e as autoridades do DPP serviram ativamente como soldados de infantaria de Washington para conter o continente chinês nos domínios político, militar e econômico, independentemente do preço que o povo de Taiwan pagaria por suas ações.

A enorme quantidade de recursos públicos que as autoridades do DPP gastaram em negócios de armas e no lobby de políticos dos EUA deveria ter sido usada para melhorar o bem-estar das pessoas em Taiwan, observa Liu.

"A visita de Pelosi revelou claramente que Tsai e as autoridades do DPP colocam os interesses de seu partido sobre os interesses da nação chinesa, e os ganhos eleitorais sobre o bem-estar do povo", concluiu Liu.

ELP se concentra em ataque terrestre e marítimo em exercícios ao redor da ilha de Taiwan

Xinhua - Soldado do ELP durante exercícios de combate e treinamento da marinha nas águas ao redor de Taiwan.

Os exercícios militares em larga escala em torno da ilha de Taiwan pelo Exército de Libertação Popular (ELP) entraram no quarto e último dia neste domingo (7). A operação foi deflagrada pelas forças militares chinesas na quinta-feira (4), em resposta à recente visita provocativa da presidenta da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha.

No terceiro dia da operação, no sábado (6), foram realizados exercícios focados no reforço das tropas, capacidades de ataque terrestre e de assalto marítimo com operações conjuntas aéreas e navais. Essas missões têm o objetivo de simular a abertura de caminhos para as forças de desembarque anfíbio lançarem ataques à praia caso uma operação de reunificação por força ocorra, disseram analistas.

As forças navais do ELP implantaram navios de guerra, aviões de guerra e mísseis antinavio baseados na costa para os exercícios de sábado. Durante os exercícios, um destróier operando em águas ao norte da ilha de Taiwan realizou simulações de tiro de longo alcance sob a orientação de alvo fornecida por aeronaves de alerta precoce.

Nas águas a leste da ilha, uma fragata em operação se aproximou do litoral em alta velocidade, assumindo posições vantajosas e realizando ataques antinavio simulados, ataque e defesa abrangentes, bem como práticas conjuntas de guerra antissubmarino.

Vários caças pertencentes à força de aviação naval partiram de um aeródromo na província de Zhejiang, no leste da China, após o que entraram em formação, chegaram à área designada e realizaram um ataque coordenado com os navios de guerra.

Nas regiões costeiras da Província de Guangdong, no sul da China, um regimento de mísseis anti-navio da Marinha se mobilizou para uma área designada e conduziu o rastreamento de alvos e o ataque simulado de acordo com os dados de alvo fornecidos pelo centro de comando.

As forças da Marinha também realizaram exercícios, incluindo reconhecimento conjunto, alerta precoce e ataques conjuntos de fogo junto com suas contrapartes da Força Aérea, aumentando a interoperabilidade apoiada por um sistema operacional conjunto.

Os exercícios, que começaram ao meio-dia de quinta-feira, estão programados para terminar no meio-dia de domingo, mas especialistas disseram que operações semelhantes podem se tornar rotina se os secessionistas da "independência de Taiwan" e as forças de interferência externa continuarem a provocação.

Apple pede respeito às regras chinesas de rotulagem a fornecedores de Taiwan

A gigante de tecnologia dos EUA, Apple, orientou que os fornecedores cumpram rigorosamente os regulamentos alfandegários da China continental e evitem rotular os produtos da ilha como "fabricados em Taiwan". A informação foi divulgada pela agência de notícias Nikkei na sexta-feira (5).

A orientação da big tech estadunidense aponta para um outra possível consequência econômica da visita provocativa de Pelosi à Taiwan. Tudo indica que o continente chinês parece estar se movendo para reforçar a aplicação das regras de rotulagem sobre as importações da ilha, o que indica que Pequim não permitirá qualquer ambiguidade na questão de Taiwan em todos os aspectos, inclusive na área econômica e comercial.