O britânico Roger Waters, 78, co-fundador da lendária banda de rock Pink Floyd, defendeu o princípio 'Uma só China' e as contramedidas adotadas por Pequim em resposta à imprudente visita da presidenta da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha chinesa de Taiwan na última terça-feira (2). "Taiwan é parte da China", cravou.
Waters concedeu uma entrevista a Michael Smerconish, da rede de notícias estadunidense CNN. O roqueiro septuagenário deu uma aula de história antiimperialista e mostrou o porquê ser considerado um artista altamente politizado e bem informado sobre questões geopolíticas mundiais.
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Tanto que um trecho da entrevista, no qual ele aborda a questão de Taiwan, está bombando entre os internautas chineses. Inclusive a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, postou o vídeo em sua conta no Twitter.
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Em sua nova turnê mundial, 'This is Not a Drill' (Isso não é uma broca, em tradução livre), iniciada em julho deste ano, Waters continua a ser o que sempre foi: um músico politizado. Pelo visto nem todo o público dos shows que têm percorrido os EUA gosta do estilo do roqueiro. Esse foi o mote para a participação dele na entrevista com Smerconish.
Waters repetiu ao jornalista o que já tem dito ao público dos shows por meio de mensagens em um telão: "Se você é uma daquelas pessoas ‘Eu amo Pink Floyd mas não suporto as mensagens políticas’, seria bom pra você cair fora agora e ir para o bar."
As apresentações do roqueiro septuagenário são marcadas por declarações politizadas, como na ocasião em que esteve no Brasil, em 2018, para a turnê 'Us+Them' (Nós + Eles, em tradução livre) em plena efervescência da corrida eleitoral que acabou por eleger o atual presidente brasileiro.
Os espetáculos em solo brasileiro naquele ano foram marcados pela exibição em um telão com o nome de políticos que Waters classifica como neofascistas em ascensão e por manifestações contrárias e favoráveis à mensagem do artista.
Jair Bolsonaro integrou a lista, ao lado do então presidente dos EUA, Donald Trump; do até hoje primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán; da eterna candidata da extrema direita à presidenta na França, Marine Le Pen; do então presidente do Partido Brexit, Nigel Paul Farage, um dos líderes do processo que culminou com a saída do Reino Unido da União Europeia; do presidente da Rússia a mais de duas décadas, Vladimir Putin, entre outros.
Como naquele ano o Brasil estava em plena campanha política, o nome de Bolsonaro só foi exibido no primeiro show e depois passou a aparecer com uma tarja preta "censurado".
Durante a participação na CNN, Waters não segurou a língua. Sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia, ele atribuiu a responsabilidade ao governo dos EUA e chamou o presidente Joe Biden, de criminoso de guerra. "Ele está a pôr lenha na fogueira na Ucrânia, é um crime grave. Por que os EUA não pedem a Zelensky para iniciar negociações?", provocou.
Quando o jornalista afirma que o músico acusa quem está sendo atacado, Waters rebateu: "Essa guerra começou em 2008 (Cúpula da Otan em Bucareste - Romênia). É uma reação ao avanço da Otan para as fronteiras da Rússia". Ele foi além e sugeriu que o entrevistador se informasse melhor. "Vai ler mais, depois pensa no que os EUA fariam se a China colocasse ogivas nucleares no México ou no Canadá", afirmou.
Em resposta, Smerconish ironizou: "Os chineses estão muito ocupados no cerco a Taiwan.". De imediato Waters respondeu: "Eles não cercam Taiwan, Taiwan é parte da China. Isso é reconhecido por toda a comunidade internacional desde 1948. Se você não sabe, tem que ler mais."
Para finalizar, em reação à provocativa fala do jornalista que afirma que a China é a nação que mais viola os direitos humanos no mundo, Waters responde com ironia. "Os chineses invadiram o Iraque e mataram um milhão de pessoas em 2003? Espera, deixa-me lembrar-te uma coisa. É a China ou algo assim, matou, cortou…"
Confira aqui a entrevista completa (em inglês).