A China está realizando até a próxima quinta-feira (23), em Pequim, a quarta sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh), uma das reuniões políticas mais importantes do ano. Este encontro reúne as principais lideranças do país para avaliar os últimos cinco anos e definir as metas do próximo ciclo (2026–2030) no âmbito do 15º Plano Quinquenal, que serve como um guia estratégico para o desenvolvimento econômico e social do país.
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Esse também é o momento de refletir sobre as conquistas do 14º Plano Quinquenal da China (2021–2025) e avaliar os avanços em áreas-chave, incluindo a construção da civilização ecológica. Ao longo desses cinco anos, a China fez progressos significativos na integração do desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental, consolidando suas políticas de preservação ecológica e de transição verde.
COP30 no Brasil
Com a COP30 prestes a ser realizada no Brasil, em Belém do Pará, entre os dias 10 a 21 de novembro, no coração da região amazônica, este é um momento estratégico para observar as ações da China, um dos principais atores globais em questões ambientais. A pauta central do evento gira em torno de mudanças climáticas, conservação ambiental, sustentabilidade e preservação dos ecossistemas globais, com foco em soluções que integrem o desenvolvimento econômico com a preservação ecológica.
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Neste cenário, as ações de países como a China, com sua experiência em civilização ecológica e gestão sustentável, se tornam exemplos valiosos para o mundo, especialmente para países do Sul Global, que buscam alternativas para a proteção do meio ambiente aliadas ao progresso econômico.
Conceito das “Duas Montanhas”
Uma das maneiras mais profundas de compreender o pensamento chinês é interpretar suas metáforas e aforismos, que frequentemente recorrem a imagens da natureza para transmitir conceitos complexos. Essas expressões poéticas não só embelezam a linguagem, mas também transmitem sabedoria prática e refletem valores culturais profundos.
Um exemplo emblemático é o princípio das “Duas Montanhas”, que afirma: “montanhas verdes e águas límpidas valem tanto quanto montanhas de ouro e prata”. À primeira vista, essa metáfora pode parecer idealista ou até utópica. No entanto, ela encapsula uma visão pragmática e estratégica da China sobre o desenvolvimento sustentável.
Essa filosofia sugere que a preservação ambiental e a qualidade de vida são tão valiosas quanto o crescimento econômico material. Ao invés de ver a natureza como um recurso a ser explorado sem limites, adota-se a perspectiva de que a saúde ecológica é a base para uma prosperidade duradoura.
No contexto do 14º Plano Quinquenal (2021–2025), a China tem implementado políticas que refletem essa visão. Ao entender o princípio das “Duas Montanhas”, percebemos que ele não é apenas uma metáfora poética, mas uma diretriz prática que orienta políticas públicas e estratégias de desenvolvimento na China. Essa abordagem integrada entre economia e meio ambiente serve como um modelo para outras nações que buscam equilibrar progresso e sustentabilidade.
O exemplo de Xiamen
A jornalista chinesa Isabela Shi, da CGTN em Português, produziu uma vídeo reportagem que se debruça, a partir do conceito de “Duas Montanhas”, sobre a experiência de Xiamen, uma cidade portuária da província de Fujian, no sudeste da China, com 234 km de litoral sinuoso e laços diretos com o Brasil — é cidade-irmã de Fortaleza.
Xiamen implementou um sistema de monitoramento ambiental de ponta, utilizando drones, sensores remotos e câmeras de alta definição para a coleta e rastreamento de resíduos marinhos. Em operações cotidianas, suas embarcações especializadas conseguem retirar até 8 toneladas de resíduos diários do mar.
Além disso, a cidade realiza a restauração de manguezais e outras áreas costeiras para proteger a biodiversidade e reduzir os efeitos da erosão. Um dos projetos mais notáveis é o Parque de Manguezais de Xiatanwei, que, desde sua restauração, aumentou em 2,4 vezes o número de espécies marinhas e atraiu 38 espécies de aves.
A experiência de Xiamen demonstra como a tecnologia e o planejamento urbano podem transformar a gestão costeira, passando de ações reativas para políticas proativas e integradas de conservação marinha. Essa análise é uma oportunidade para entender como a China está moldando sua estratégia ambiental e quais lições podem ser aprendidas à medida que o mundo se prepara para discussões cruciais sobre mudanças climáticas e sustentabilidade.
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A civilização ecológica no 14º Plano Quinquenal da China
O 14º Plano Quinquenal da China mostrou que a civilização ecológica é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável do país. Com o crescimento da economia verde, investimentos em tecnologia ambiental e a restauração de ecossistemas, a potência asiática está se posicionando como uma referência global na luta contra as mudanças climáticas e a degradação ambiental.
Com o olhar voltado para a COP30, os países do Sul Global têm agora uma oportunidade única de aprender com o modelo de Xiamen, integrando práticas de conservação marinha com inovações tecnológicas e crescimento econômico. A localidade, com sua experiência em gestão costeira sustentável, oferece um exemplo valioso para outras cidades portuárias, como Fortaleza, que buscam soluções ecológicas inovadoras para os desafios ambientais e sociais.
Neste momento crítico, quando o mundo inteiro se prepara para discutir o futuro do planeta na COP30, é mais importante do que nunca que as nações compartilhem conhecimentos, experiências e práticas bem-sucedidas. E a China, com cidades como Xiamen, se coloca como uma das principais fontes de inspiração para a construção de um futuro mais sustentável e próspero para todos.
