A Conferência Anual do Fórum Financeiro de 2025 (FSF) foi realizada em Pequim, entre 27 e 30 de outubro, reunindo mais de 400 representantes de 30 países para discutir o tema “Desenvolvimento Financeiro Global em uma Era de Inovação, Transformação e Reestruturação.”
Durante quatro dias, o evento abordou apoio financeiro à inovação, cooperação de alta qualidade no âmbito da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) — conhecida como Nova Rota da Seda — e o fortalecimento da economia privada, consolidando o papel da China como protagonista na reestruturação do sistema financeiro global.
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Dilma Rousseff destaca o papel estratégico da Nova Rota da Seda
Entre os participantes esteve a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, que atualmente preside o New Development Bank (NDB), o Banco dos BRICS.
Em um discurso realizado na quarta-feira (29), Dilma defendeu um modelo de desenvolvimento inclusivo e sustentável, alinhado aos princípios do banco que lidera, e destacou o papel estratégico da cooperação financeira internacional.
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Ela ressaltou que, desde seu lançamento em 2013, a Iniciativa do Cinturão e Rota consolidou parcerias com mais de 150 países e 30 organizações internacionais, contribuindo para reduzir a pobreza, criar empregos e fomentar a inovação em infraestrutura e tecnologia.
“O NDB está bem posicionado para complementar a missão central da BRI”.
Dilma também destacou o papel do Banco de Exportação e Importação da China (China Eximbank) na expansão dos objetivos da iniciativa e afirmou que o NDB busca ampliar sua parceria com o Eximbank, reforçando o compromisso com um desenvolvimento sustentável, resiliente e equilibrado regionalmente.
Na mesma sessão, o China Eximbank anunciou novos acordos de cooperação com instituições financeiras internacionais e empresas estrangeiras, aprofundando a integração financeira entre os países parceiros da Nova Rota da Seda.
China lança novas políticas e reforça abertura financeira
Criado em 2012, o FSF tornou-se, desde 2020, um fórum nacional e internacional de alto nível, onde autoridades anunciam reformas e políticas financeiras estratégicas.
Na abertura, o governador do Banco Popular da China (PBOC), Pan Gongsheng, informou que o mercado de títulos públicos do país está estável e que o banco central retomará operações de mercado aberto com esses títulos, após uma pausa causada por desequilíbrios de oferta e demanda.
Pan também anunciou o estudo de uma política de alívio de crédito pessoal, que permitirá a remoção de registros de inadimplência de pequenos empréstimos contraídos durante a pandemia e já quitados — uma medida que deve ser implementada no início de 2026.
Além disso, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) lançou um plano para otimizar o sistema de investidores institucionais estrangeiros qualificados (QFII), prevendo maior eficiência, transparência e ampliação de acesso ao mercado, com a criação de um “canal verde” para investimentos internacionais.
O chefe da Administração Nacional de Regulação Financeira, Li Yunze, afirmou que a China seguirá ampliando sua abertura financeira, adotando um modelo que combina tratamento nacional prévio ao investimento com uma lista negativa de acesso ao mercado.
Inovação e estabilidade em meio à transformação financeira global
O FSF 2025 ocorreu em meio a profundas transformações no sistema financeiro mundial, com a ascensão das finanças tecnológicas, verdes, inclusivas e digitais.
De acordo com o Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), serviços financeiros de alta qualidade são essenciais para fortalecer a economia real — uma das prioridades do 15º Plano Quinquenal (2026–2030), voltado à criação de um sistema industrial estável e autossuficiente.
Nos últimos cinco anos, o setor bancário e de seguros da China concedeu mais de US$ 24 trilhões em crédito à economia real. Esse crescimento, aliado à abertura gradual do mercado financeiro, vem fortalecendo a confiança internacional e ampliando o potencial de cooperação global.
A China também intensifica a coordenação entre políticas fiscais, monetárias e industriais, com foco na inovação tecnológica e no apoio às pequenas e médias empresas (PMEs). Quase 100 companhias abriram capital entre 2024 e 2025, fortalecendo o mercado interno e a presença estrangeira no setor financeiro chinês.
Durante o fórum, o Banco Popular da China reafirmou que o crescimento sustentável depende da capacidade de “prevenir e neutralizar riscos financeiros” nos setores sensíveis da economia.
A inteligência artificial como novo eixo das finanças
Entre os debates de maior destaque, esteve o papel da inteligência artificial (IA) na transformação do sistema financeiro global.
Os especialistas mostraram como algoritmos de aprendizado de máquina estão redefinindo a criação de valor, o cálculo de riscos e a competição no setor.
Instituições financeiras substituem regras rígidas por sistemas capazes de detectar padrões em tempo real, reduzir fraudes e minimizar falsos alarmes. Ao mesmo tempo, assistentes virtuais e agentes automatizados ganham espaço, tornando o atendimento mais ágil e liberando profissionais para funções estratégicas.
O fórum também abordou finanças verdes, inclusão digital e regulação internacional, com foco em tornar o sistema financeiro mais resiliente, sustentável e cooperativo.
Um desafio global: o déficit de investimentos
Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), os países em desenvolvimento enfrentam um déficit anual de cerca de US$ 4 trilhões em investimentos necessários para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030 — conforme o Relatório Mundial de Investimentos 2023.
Esse cenário, também destacado pelo Sistema das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNSDG), reforça a importância de fóruns multilaterais como o FSF e de bancos internacionais de desenvolvimento, como o NDB, que desempenham papel essencial na redução das desigualdades financeiras globais.
Inovação, sinergia global e estabilidade
A China também vem intensificando a coordenação entre políticas fiscais, monetárias e industriais, com foco na inovação tecnológica e no estímulo ao crescimento de pequenas e médias empresas (PMEs).
Quase 100 companhias abriram capital entre 2024 e 2025, ampliando a presença de empresas estrangeiras no mercado financeiro chinês e diversificando as fontes de crescimento econômico.
Durante o fórum, o Banco Popular da China reafirmou que o crescimento sustentável depende da capacidade de “prevenir e neutralizar riscos financeiros” em setores sensíveis.
O equilíbrio entre consumo interno, comércio exterior e política monetária moderadamente expansionista foi apontado como essencial para consolidar uma base sólida de desenvolvimento de longo prazo.
Déficit global de investimentos
De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) — agência da ONU voltada a promover o desenvolvimento sustentável por meio do comércio, do investimento e do financiamento internacional —, o mundo enfrenta um grande desafio de recursos para cumprir as metas da Agenda 2030.
Segundo o Relatório Mundial de Investimentos 2023, os países em desenvolvimento têm um déficit anual estimado em cerca de US$ 4 trilhões em investimentos necessários para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até o fim da década.
Essa lacuna de financiamento, também confirmada em nota do Sistema das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNSDG), revela a necessidade urgente de ampliar a cooperação internacional e fortalecer o papel de bancos multilaterais, como o NDB.
Iniciativas como o FSF reforçam a importância de coordenar esforços globais para reduzir esse déficit e promover um modelo de desenvolvimento mais inclusivo, sustentável e equilibrado.
China como motor da transformação financeira global
Com ativos bancários superiores a US$ 66 trilhões e a expansão do Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS), a China consolida-se como polo financeiro eficiente e de credibilidade internacional.
Esses avanços posicionam o país como força central na transformação do sistema financeiro global, oferecendo um modelo baseado em estabilidade regulatória, inovação tecnológica e cooperação multilateral.
O FSF 2025 teve alcance internacional sem precedentes, com cinco subfóruns internacionais — em Kuala Lumpur, Nova York, Hong Kong, Abu Dhabi e Madri — que ampliaram o diálogo entre o eixo financeiro asiático e os principais centros econômicos do mundo.