PIB da China no primeiro trimestre apresenta crescimento robusto com "estratégia dupla"

Mesmo com tarifas de 10% e 20% dos EUA, resultado da economia chinesa mostrou solidez

Skyline de ShanghaiCréditos: Dickson Phua
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A economia chinesa registrou um crescimento de 5,4% no primeiro trimestre de 2025, superando as projeções de analistas e destacando-se em meio a tensões comerciais globais.

O desempenho reflete uma combinação de estímulo doméstico, inovação tecnológica e uma corrida exportadora antes do aumento drástico de tarifas pelos Estados Unidos, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE).

O Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 31,875 trilhões de yuans (cerca de US$ 4,42 trilhões), impulsionado por alta de 6,5% na produção industrial e crescimento de 4,6% nas vendas no varejo.

É o melhor desempenho da economia chinesa para um primeiro trimestre desde 2021 quando, por conta da pandemia, houve um pico de 18% no PIB do país.

Sheng Laiyun, vice-diretor do Escritório Nacional de Estatísticas da China, destacou a "melhora generalizada nos indicadores-chave", atribuindo o resultado a "políticas direcionadas, resposta ágil local e acúmulo de inovação".

O crescimento não inclui as tarifas recentes dos EUA, mas já incluia as barreiras de 10% impostas a todos os produtos chineses em 1º de fevereiro, que aumentaram para 20% em março.

Ou seja: a economia do país cresceu mesmo em meio à primeira fase da guerra comercial. Contudo, 

Doméstico e global: a estratégia dupla

Sheng enfatizou a transição estrutural da China para um modelo sustentado por demanda interna, que contribuiu com mais de 80% do crescimento nos últimos cinco anos.

"Nosso mercado de 1,4 bilhão de pessoas, com PIB per capita acima de US$ 13 mil, oferece espaço substancial para consumo e investimento", afirmou.

Políticas de incentivo, como o plano de estímulo ao consumo de março, ampliaram gastos em serviços (alta de 5%), enquanto investimentos em manufatura subiram 9,1%.

Sheng reconheceu "certa pressão no comércio e na economia" devido às tarifas, mas manteve otimismo: "Isso não mudará a tendência geral de melhora a longo prazo".

O governo chinês reforçou medidas pró-ativas, como citado pelo premier Li Qiang em 9 de abril: "É crucial implementar políticas macro mais vigorosas e introduzir incrementos conforme a necessidade".

Apesar do cenário externo "complexo e grave", as autoridades apostam na diversificação de parceiros comerciais e no fortalecimento de setores como economia digital e cultura, exemplificado pelo sucesso do filme "Ne Zha 2". Para Sheng, "a resiliência chinesa está ancorada em fundamentos sólidos, diversificação e potencial de crescimento".

A meta de 5% para 2025 é vista como alcançável pelo ONE. "Temos força e confiança para enfrentar desafios externos", declarou Sheng.

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