Na tarde de 12 de maio de 2008, o condado de Wenchuan, na província chinesa de Sichuan, foi atingido por um forte terremoto, que durou poucos minutos, mas causou muitas mortes e reduziu a escombros o que a população local havia construído ao longo de décadas de trabalho.
A destruição foi tão grande que os moradores não puderam nem mesmo pedir ajuda: todas as estradas e estruturas de telecomunicações foram destruídas. Enquanto isso, longe dali, a primeira equipe de resgate já estava a caminho, apenas 18 minutos após o sismo.
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O trabalho de resgate
Uma hora depois da catástrofe, a agência de notícias Xinhua transmitia ao vivo as instruções do presidente Hu Jintao para que os feridos fossem resgatados o mais rápido possível e fossem mobilizados todos os recursos disponíveis para garantir a segurança das pessoas na área atingida pelo terremoto.
Duas horas após o desastre, o avião que transportava o primeiro-ministro Wen Jiabao pousou em Deyang, nas proximidades de Wenchuan, para iniciar imediatamente a implementação de um plano abrangente de gerenciamento de crises. Um destacamento militar de Chongqing foi a primeira equipe de resgate a chegar a Wenchuan.
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O país todo se mobilizou para ajudar o condado, trabalhadores de diversas áreas foram enviados para trabalhar no resgate e na reconstrução, e rapidamente foi iniciada a coleta de doações para as vítimas. Alguns países, especialmente aqueles vizinhos à China, também enviaram doações às vítimas.
Reconstrução
Quando as tarefas mais urgentes estavam concluídas, mais de 100 mil pessoas de diferentes etnias da China reconstruíram juntas o condado, contribuindo para fortalecer o sentimento de unidade nacional entre os habitantes locais.
Fora de Wenchuan também surgiram muitas iniciativas para ajudar na reconstrução. Por exemplo, o escritório de arquitetura Jiakun, de Shenzhen, na província de Guangdong, desenvolveu uma técnica para fazer "tijolos renascidos" a partir dos restos de casas destruídas, visando facilitar a reconstrução por meio de uma técnica ecológica que também traz conforto espiritual e emocional às vítimas de desastres.
Wenchuan foi reconstruída com sucesso e todos os seus habitantes se livraram da pobreza. Quem visita a região percebe facilmente que a vida voltou ao normal e os moradores estão construindo juntos um futuro melhor para todos, provando que seu amor pela vida é mais forte que a marca deixada pelo terremoto.
Preservar a memória
Apesar da impressionante recuperação de Wenchuan após o sismo, os habitantes locais sentirão para sempre a falta dos amigos e parentes que perderam a vida na tragédia. Tampouco esquecem a solidariedade recebida de toda a China e de muitos países.
Eles querem que as gerações futuras não se esqueçam das vítimas do terremoto e nem daqueles que ajudaram o condado no momento mais difícil de sua história, e saibam como foi o trabalho de reconstrução após a tragédia.
Com essa finalidade foi erguido um museu memorial do terremoto de Wenchuan. Lá, artefatos retirados dos escombros são conservados e exibidos, e as cenas de resgate e reconstrução são recriadas por meio de pinturas e esculturas.
Há também crachás e roupas de pessoas que trabalharam no resgate, incluindo militares, bombeiros e policiais, além de outros colaboradores, como oficiais do governo, voluntários e repórteres.
Uma seção inteira do museu oferece informações detalhadas sobre sismos, explicando porque e como ocorrem, o que fazer durante um terremoto, etc. por meio de imagens, modelos, recursos multimídia e até simuladores que permitem aos visitantes experimentar a sensação de estar num local onde ocorre um sismo.
A arquitetura do museu é particularmente interessante: as primeiras salas, onde a história do terremoto é contada, são escuras e se assemelham a um bolsão entre os escombros.
As salas seguintes são mais claras e contam a reconstrução, e em seguida vem a parte rica em informações úteis sobre terremotos, bem iluminada e mais colorida.
A saída do museu é um caminho improvisado com tapumes em meio a uma série de construções inacabadas que simbolizam a reconstrução de Wenchuan após o terremoto.
Atrás do museu há um vilarejo que foi totalmente reconstruído de acordo com a arquitetura étnica tradicional de seus moradores. O museu está localizado no topo de uma montanha, de onde se pode ver, no vale, as ruínas da Escola de Nível Médio Shenkou.
Símbolo da tragédia ocorrida há 17 anos, as ruínas da Escola de Nível Médio Shenkou tornaram-se um memorial às vítimas do terremoto, mas a cidade ao seu redor foi totalmente reconstruída.
A vida segue
Perto dali, o turismo prospera na cidade reconstruída de Yingxiu, com turistas comprando produtos típicos da região e passeando entre belas casas reconstruídas de acordo com as tradições e características das várias etnias locais.
Os enfeites nas portas, paredes e ruas são, em sua maioria, símbolos tradicionais de paz e boa sorte, alguns apenas para entreter os turistas ou embelezar o local, enquanto outros carregam um significado mais profundo.
Converso com o Sr. Zhang, proprietário de uma casa de chá na cidade. Ele se entusiasma ao explicar sobre a boa qualidade do chá local, afirmando com orgulho que Wenchuan está na latitude mais adequada para o cultivo da planta, tem um clima ameno, solo fértil e está longe da poluição.
Da varanda de sua casa de chá, construída em um local mais alto, pode-se ver o teto das casas vizinhas, várias delas com terraços onde folhas de chá são colocadas para secar. Quem olha para baixo vê carpas nadando no lago de um belo jardim.
Para quem saboreia uma taça de chá naquele ambiente tão tranquilo, é difícil acreditar que há 14 anos tudo ali era um mar de escombros.
A vida segue. Mais forte e determinada a seguir em frente.