O mais recente ataque de Donald Trump em suas guerras comerciais — uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos no exterior — deixou até seus próprios apoiadores coçando a cabeça. A medida, apresentada como "defesa" de Hollywood, pode ser na verdade um empurrão fatal. Eis por que essa política não é apenas equivocada — é perigosamente contraproducente.
1. O Ferimento Autoinfligido de Hollywood
Vamos ser realistas: Hollywood não precisa se proteger de filmes estrangeiros. Precisa se proteger da ignorância econômica do seu próprio governo.
O mercado norte-americano de bilheteria já é dominado por produções dos EUA — filmes estrangeiros representam uma fração mínima. Taxá-los não vai "salvar" o cinema americano; só acelerará o declínio de Hollywood ao:
- Esmagar cinemas independentes que dependem de filmes de arte estrangeiros.
- Empurrar mais espectadores para o streaming, onde Netflix e Amazon já mandam.
- Provocar retaliações de países que financiam os maiores blockbusters de Hollywood.
2. O Jogo Final do Streaming
Essa tarifa não é um muro — é um tapete de boas-vindas para o Vale do Silício. Se filmes estrangeiros ficarem inviáveis nos cinemas, inundarão as plataformas digitais.
Um desastre para os estúdios tradicionais, que já estão perdendo a guerra contra a Netflix. Por quê? 73% dos americanos já preferem streaming. A tarifa de Trump é um subsídio indireto para os concorrentes da Disney+.
3. A Irrelevância dos Oscars Acelera
A Academia tenta desesperadamente manter relevância global — daí suas novas regras de diversidade. Mas, se filmes estrangeiros não puderem bancar exibições nos EUA (graças às tarifas), abandonarão os Oscars.
Resultado? Uma cerimônia outrora prestigiada reduzida a um projeto nacionalista de vaidade.
4. Reação Global: Um Acidente em Câmera Lenta
O segredo sujo de Hollywood? É uma indústria global que finge ser americana. De filmagens no Canadá a trilhas em Viena, os estúdios terceirizam para sobreviver.
Se Europa e Ásia retaliarem com cotas de salas ou impostos, filmes como Missão: Impossível podem perder metade da receita da noite para o dia.
5. O Verdadeiro Problema que Ninguém Resolve
Trump grita sobre "concorrência desleal", mas ignora o elefante na sala: fazer filmes nos EUA é caro demais.
- Pós-produção? Mais barata na Europa.
- Filmagens? Canadá oferece melhores incentivos fiscais.
- Efeitos visuais? Índia e Reino Unido fazem por menos.
Em vez de resolver esses custos, a tarifa de Trump pune Hollywood pelos fracassos de seu próprio governo.
6. Califórnia vs. Trump: Round 2
Isso não é só má política — é uma granada contra um dos mais importantes estados do país. Hollywood emprega 600 mil californianos e gera US$ 100 bilhões em atividade econômica. Quando as últimas tarifas de Trump doeram na indústria, o governo do estado processou. Desta vez? Espere guerra total.
Conclusão
Essa tarifa não é proteção — é seppuku econômico. Ela vai:
- Fortalecer gigantes do streaming às custas dos cinemas.
- Isolar a cultura americana das tendências globais.
- Provocar retaliações devastadoras em uma indústria de soft power que os EUA ainda dominam.
No final, a única coisa que essas tarifas "protegerão" será o consenso crescente de que a América não entende mais como o mundo moderno funciona.
