Com o Coronavírus “controlado”, Coreia do Sul elege novo parlamento

Pesquisas indicam a eleição de um parlamento mais progressista. A ampliação da base governista pode gerar novos avanços democráticos em termos comportamentais e econômicos

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Com a curva de casos e mortes do Coronavírus relativamente controlada, a Coréia do Sul realiza hoje (15) suas eleições parlamentares.

Com pico do Covid19 entre o fim de fevereiro e início de março, a situação atual das últimas 24 horas é bem mais tranquila.

Mesmo com o receio de uma segunda onda de contaminações, a estratégia de exames massivos e isolamento social de todos contaminados e viajantes vindos do exterior é celebrada pelo governo liderado pelo Minjoo (Partido Democrata) como uma vitória.

A oposição comandada pelo Partido Futuro Unido (Conservador), por sua vez tenta minimizar a ação governamental, procurando reverter as tendências mostradas pelas pesquisas eleitorais que dão vantagem de até 15% para os progressistas (até considerados de esquerda para o contexto).

Com uma população de 51 milhões (2019) de pessoas, cerca de 11 milhões já votaram por correio e/ou postos de votação antecipada espalhados pelo país. Dessa maneira, a remota possibilidade de adiamento do pleito não aconteceu, em especial afastando o fantasma de golpes e do autoritarismo da Ditadura Militar (1948-87) que governou o país.

Um dos maiores exportadores de bens do mundo, com empresas famosas como Samsung, Kia, LG e Hyundai, as exportações representam cerca de 45,9% do PIB total do país e apesar de viver certa estabilidade econômica, o tema principal dos debates eleitorais anteriores à crise do Covid19 era justamente a economia, a diminuição do crescimento, tal como dificuldades para geração de emprego e renda principalmente para jovens.

Se o presidente Moon Jae In, sair-se bem da polarização profunda que o país vive desde do impeachment da presidente conservadora, Park Geun-Hye (dezembro 2016), terá tido uma vitória significativa. Envolvida em casos de corrupção, a presidente deposta mostrou ao mundo o quanto o país ainda sofre com o tema da corrupção.

O impedimento de Park, marcou o fim de uma década de hegemonia direitista e criou as condições para eleição de Moon, que foi eleito prometendo combater a corrupção, tensões com o norte, temas comportamentais como a homofobia e o machismo, mas também para trabalhar pela democratização política e econômica do país.

A eleição pode guardar surpresas, mas se a tendência mais progressista e favorável ao presidente for confirmada, as perspectivas de mudanças favoráveis aos mais pobres serão ampliadas, como por exemplo a valorização do salário mínimo, a adoção da proposta de uma renda básica de cidadania ou a revogação de itens da Lei de Segurança Nacional (1948) que deixam brechas para a criminalização da liberdade de expressão, de imprensa e a organização social.

Conhecida como um dos “tigres asiáticos” durante a Guerra Fria, sendo hoje um dos países mais ricos do continente asiático, a Coréia do Sul ainda é considerada uma “democracia incompleta” (The Economist 2019), um país médio em termos de desigualdade (Gini 2019) e um dos países mais desiguais do mundo entre homens e mulheres (Fórum Econômico Mundial 2020), ainda distante dos níveis das democracias europeias.

A eleição parlamentar elegerá 300 deputados para próxima legislatura de quatro anos; as agremiações se agrupam em 15 alianças, com destaque para o novo partido feminista que concorre pela primeira vez.