Em meio ao caos, com pessoas tentando sair de Cabul agarrados a aeronaves que deixam o aeroporto às pressas, China e Rússia já sinalizam o reconhecimento de um governo Talibã no Afeganistão, país que fica em uma região estratégica que liga o Oriente Médio à Ásia Central e ao subcontinente indiano e vive uma disputa em razão dos milhares de quilômetros de gasodutos em seu território.
A sinalização contraria interesses dos EUA, que é criticado tanto por chineses quanto por russos pela ação dos Estados Unidos no Afeganistão.
A China "respeita o direito do povo afegão a decidir seu próprio destino e futuro e deseja seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão", afirmou à imprensa a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.
A porta-voz do governo chinês ainda afirmou que "os talibãs indicaram várias vezes a esperança de desenvolver boas relações com a China" e que a embaixada chinesa em Cabul "continua funcionando normalmente".
Nas últimas semanas, a China classificou como "irresponsável" a retirada das tropas dos EUA do Afeganistão.
O embaixador russo em Cabul, Dmitry Zhirnov, declarou que o local já conta com a proteção dos Talibãs, que "reconfirmaram que nem um único fio de cabelo cairá das cabeças russas, que vocês podem trabalhar com calma".
"Nossa embaixada já está protegida pelo Talibã. Hoje ocorreu a transição: partiram os militares afegãos, aqueles militares das forças de segurança nacionais afegãs que nos protegiam. Agora são os talibãs. Eles mais uma vez reconfirmaram que nem um único fio de cabelo cairá das cabeças russas, que vocês podem trabalhar com calma", disse.
Zhirnov afirmou ainda que o governo no Afeganistão entrou em colapso e caiu como um castelo de cartas. "O Talibã entrou ontem na cidade. De fato, o governo entrou em colapso e caiu como um castelo de cartas".
O embaixador russo disse que a captura de Cabul pelos talibãs foi uma surpresa, porque a Rússia considerava que o "Exército afegão, fosse ele como fosse, ainda resistiria por algum tempo".
Zhirnov afirmou que não há pressa em se reconhecer um novo governo no Afeganistão.
"Em primeiro lugar, ninguém pretende se apressar com isso. O reconhecimento ou não reconhecimento dependerá do comportamento das novas autoridades. Vamos observar atentamente com que responsabilidade eles governarão o país no futuro próximo. Como resultado, a liderança russa tirará as conclusões necessárias e tomará uma decisão".