Ditadora boliviana se recusa a promulgar terceira nova data das eleições no país

Jeanine Áñez, imposta no poder pelos militares após o golpe de Estado de novembro, já adiou as eleições duas vezes, e se negou a oficializar a nova data estipulada pelo Congresso para o dia 6 de setembro

A ditadora boliviana Jeanine Áñez (foto: La Información)
Escrito en GLOBAL el

A ditadora da Bolívia, Jeanine Áñez, se recusou a promulgar a lei que estabelece o dia 6 de setembro como nova data para as eleições gerais na Bolívia. Como justificativa para tal postura, ela pediu um estudo epidemiológico para avaliar a viabilidade das eleições, em meio a possibilidade de que o surto do coronavírus se mantenha no país durante todo o inverno.

Áñez foi colocada no poder por imposição dos militares, no dia 12 de novembro de 2019, dois dias depois do golpe de Estado organizado por diferentes grupos civis de direita e também pelas Forças Armadas, que acabou com o governo de Evo Morales (2006-2019). Ela era vice-presidenta do Senado, mas os militares também forçaram a renúncia da presidenta, a senadora socialista Adriana Salvatierra.

Inicialmente, Áñez afirmou que se trataria de um mandato curto, apenas para organizar o novo processo eleitoral, no qual ela mesma não participaria. Porém, a data já foi adiada duas vezes: a primeira, em 23 de fevereiro, foi mudada devido a que Áñez mudou de ideia e decidiu que ela sim concorreria como candidata presidencial, e precisava de tempo de campanha, a segunda data, em 3 de maio, foi descartada devido à pandemia do coronavírus.

A decisão de Áñez contraria uma resolução do Congresso a respeito da nova data para as eleições. Por isso, a ditadora escreveu uma carta à presidenta do Senado, Eva Copa (do partido MAS, Movimento Ao Socialismo, opositor e o mesmo do ex-presidente Evo Morales), explicando sua decisão. “Acabei de enviar esta carta à senadora Copa sobre a data da eleição e a necessidade de cuidar da saúde das famílias bolivianas”, confessou a ditadora, por Twitter.

“É compreensível e muito respeitável que você e outros líderes políticos desejem eleições o mais rápido possível. Mas é ainda mais compreensível e respeitável que a grande maioria dos bolivianos sinta que essas eleições representam um enorme risco para a saúde e a vida de cada família. em nosso país”, justificou a ditadora.

Segundo as pesquisas eleitorais, o candidato do MAS, Luis Arce, venceria as eleições presidenciais se elas acontecessem hoje, e talvez no primeiro turno, já que apresenta 36% das intenções de voto, como média na maioria das sondagens. Áñez aparece em segundo ou terceiro lugar, dependendo da pesquisa, sempre com menos de 20%.

Para vencer a eleição no primeiro turno, um candidato precisa ter mais de 40% dos votos e uma vantagem de mais de 10% sobre os segundo colocado.