Ditadora Jeanine Áñez renuncia a candidatura presidencial na Bolívia

Ex-presidente Evo Morales, vítima do golpe de Estado que levou Áñez ao poder, acusou a ditadora de negociar o retiro da candidatura em troca da sua impunidade após a transição

A ditadora boliviana Jeanine Áñez (foto: Página Siete)
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A ditadora boliviana Jeanine Áñez, imposta no poder pelas Forças Armadas após o golpe de Estado de novembro 2019, anunciou nesta quinta-feira (17) aquilo que já se esperava: ela desistiu de sua campanha presidencial.

Ela e seu candidato à vice, o empresário Samuel Doria, também declararam que passarão a apoiar o melhor candidato da direita segundo as pesquisas: o jornalista Carlos Mesa.

Quando assumiu o poder, em 12 de novembro passado, após os militares forçarem a renúncia de Morales e outras três pessoas acima dela na linha de sucessão, Áñez prometeu que lideraria um “mandato transitório” com o único objetivo de organizar as eleições, que foram marcadas para fevereiro. Também garantiu que não seria candidata.

Mas, em janeiro, ela mudou de ideia: anunciou sua candidatura e adiou a votação para maio, para também poder participar da campanha. Em abril, foi anunciado outro adiamento, desta vez devido à pandemia do novo coronavírus. Finalmente, estabeleceu-se o dia 18 de outubro como nova data para o pleito.

https://twitter.com/JeanineAnez/status/1306745797468401664

Segundo as pesquisas mais recentes, Áñez tem pouco mais de 8% das intenções de voto, muito atrás do candidato do MAS (Movimento ao Socialismo), Luis Arce, que tem cerca de 27%. O melhor candidato da direita é o jornalista Carlos Mesa, que tem por volta de 20%, e pretende crescer nas próximas pesquisas, com o apoio declarado da ditadora.

“Se não aderirmos (à candidatura de Mesa), Morales retornará”, disse Áñez, em referência ao fato de que Luis Arce é ex-ministro de Economia de Evo Morales e representa politicamente o ex-presidente, que está em asilo político na Argentina.

Por sua parte, Evo Morales comentou a renúncia de Áñez, dizendo que “isso já era esperado, só não aconteceu antes porque ela (Áñez) precisava negociar sua impunidade, para que não seja julgada depois que tenha que deixar o poder”, comentou o ex-presidente, em sua conta de Twitter.

https://twitter.com/evoespueblo/status/1306751289200709632