Ditadura boliviana bloqueia ônibus de deputados da oposição e os impede de chegar à Assembleia Legislativa

Grupo de 29 parlamentares do MAS não puderam participar da votação de projetos de lei, incluindo o que estabelecerá as novas regras para as eleições no país - que estavam marcadas para o próximo domingo, e que terão que ser adiadas

Foto: Reprodução / Twitter
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Um grupo de 29 deputados opositores, quase todos pertencentes ao MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Evo Morales), viajava de ônibus neste domingo (26), com destino à cidade de La Paz, onde participariam de uma importante sessão da Assembleia Legislativa Plurinacional da Bolívia, quando foram detidos pela polícia, após o veículo passar pela cidade de Montero, no departamento de Santa Cruz, na região central do país.

Segundo as autoridades do governo ditatorial, o ônibus foi interceptado por, supostamente, não ter a “permissão para circular” durante a quarentena. Os ocupantes do veículo explicaram que eram parlamentares e que viajavam para participar da votação de projetos importantes nesta segunda-feira (27), mas as autoridades policiais não aceitaram o argumento e os mantiveram retidos no interior do país.

Entre os importantes projetos que estão sendo debatidos nesta segunda, está o que estabelecerá as novas regras das eleições presidenciais no país. Após o golpe de Estado, a ditadora Jeanine Áñez assumiu o poder, imposta pelos militares, assegurando que realizaria um mandato de transições, com eleições em fevereiro, das quais ela não participaria. Semanas depois, adiou o pleito para poder permitir a sua candidatura. A segunda data escolhida foi o dia 3 de maio, que é o próximo domingo, mas a pandemia e a consequente quarentena impedirão que a votação aconteça.

Sem esses 29 parlamentares, a oposição ao governo de Áñez, que tem maioria parlamentar, fica mais enfraquecida, e pode terminar perdendo a votação.

Segundo todas as pesquisas eleitorais, o MAS lidera e seria o provável vencedor se a eleição acontecesse mesmo neste dia 3 de maio, tanto na disputa presidencial com o candidato Luis Arce (ex-ministro da Economia de Evo Morales) como nas legislativas. Arce parece com percentuais entre 32% e 36% de intenções de voto, dependendo do instituto. Por sua parte, Áñez aparece em segundo ou terceiro lugar nas diferentes pesquisas, nunca com mais de 19%.