El Salvador: quando a luta contra mineradoras significa a sobrevivência

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As mineradoras estrangeiras estão provocando a violência política e devastação ambiental em El Salvador, mas as comunidades estão lutando contra Por Julia Paley, em Foreign Policy in Focus | Tradução: Vinicius Gomes “Para nós, a mina é a morte” Essas palavras, ditas pelo presidente de uma organização local, captura a intensidade e a urgência de sua luta contra a mineração em El Salvador. A mineração no país trouxe consequencias devastadoras: toxinas das operações mineradoras tornaram impotáveis 90% das águas em El Salvador; doenças do pulmão e do rim são comuns entre os mineradores e líderes comunitários, assim como ativistas que resistem, são caçados e mortos. O documentário de 15 minutos “Ouro ou Água: a luta contra a mineração de metais em El Salvador” ilustra de maneira dramática os esforços apaixonados de salvadorenhos para afastar a mineração agressiva de companhias multinacionais. É possível assistir abaixo, com legendas em inglês: O filme foca na luta contra a Pacific Rim, uma companhia canadense-australiana que busca extrair ouro próximo à nascente do rio Lempa, cujas águas são utilizadas por quase 70% das salvadorenhas. A oposição é tão forte que dois governos sucessivos declararam moratória na extração de metais. Mais de 62% da população apoia o banimento permanente. Esse tipo de “não” decisivo deveria ser o suficiente para a Pacific Rim arrumar as malas e ir embora, mas ao invés disso, após uma tentativa sem sucesso da companhia alegar prejuízos sob a Cafta (Acordo de Livre Comércio da América Central – onde o Canadá não faz parte), a Pacific Rim está processando o governo de El Salvador em mais de 300 milhões de dólares. A companhia alega que o país precisa compensá-los, tanto pelos gastos nos investimentos iniciais, quanto pelos lucros que a companhia teria com a mineração. De fato, esses tipos de processos “investidores-Estado”, que protegem os direitos das corporações ao custo dos países e seus cidadãos, são agora o padrão nas assinaturas acordos de supostos “livre comércio”. O caso será julgado não em El Salvador, mas no Centro Internacional para Arbitragem de Disputas em Investimentos (ICSID, sigla em inglês) – uma corte especial na sede do Banco Mundial, em Washington, que não presta contas aos salvadorenhos cujo acesso à água potável está nas mãos da corte. Mais de 300 organizações assinaram uma carta protestando contra a Pacific Rim, implorando ao Banco Mundial que tenha audiências públicas para que assim possam permitir àqueles mais afetados pela mineração que explicam os danos causados por esta. A mineração pode ser a morte, mas água é vida. Precisamente pelos riscos serem tão altos que as pessoas se mobilizam tão “ferozmente” para defenderem seu direito à água e seu direito por poderem tomar decisões por si próprias. Protestos ao redor do planeta estão programados para setembro. Organizações que quiserem assinar a carta para o Banco Mundial podem fazê-lo aqui.