Equador: Presidenciável que levou virada repete Trump e convoca protestos contra suposta fraude

Líder indígena Yaku Pérez acusou até o ex-presidente Correa, que é opositor do atual governo e está exilado, de participar da conspiração para evitar que ele cheque ao segundo turno

Yaku Pérez (foto: El Telégrafo)
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O primeiro turno das eleições presidenciais do Equador ainda não acabou, e somou um novo episódio de tensão nesta quinta-feira (11), depois que o líder indígena Yaku Pérez, candidato do partido Pachakutik, convocou seguidores para um protesto em frente à sede do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), para denunciar uma suposta fraude.

O próprio Pérez está presente, liderando o grupo de aproximadamente 5 mil pessoas (segundo a imprensa local), que acusa o órgão responsável pelas eleições no país de manipular os resultados para impedir que o candidato indígena chegue ao segundo turno, para enfrentar o economista Andrés Arauz, o candidato apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa.

A iniciativa lembra o realizado nos Estados Unidos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, quando o então presidente Donald Trump fez um chamado aos seus seguidores para não aceitar o resultado das eleições de novembro, que determinaram sua derrota na tentativa de se reeleger.

A revolta de Pérez e seu partido Pachakutik ocorre depois que o candidato sofreu uma virada durante a apuração. Quando apareceram os primeiros números da contagem dos votos, na tarde de domingo (7), o líder indígena possuía uma vantagem de cerca 0,6% sobre o banqueiro Guillermo Lasso, principal representante da direita neoliberal no Equador.

Ao final daquele domingo, Pérez tinha 19,8%, enquanto Lasso somava 19,2%, ambos distantes do correísta Arauz, com 32,4%. Porém, nesta quarta-feira (10), a autoridade eleitoral do Equador anunciou a ultrapassagem: o banqueiro passou a ter 19,63% contra 19,62% do líder indígena.

Em números absolutos, a diferença é de pouco mais de mil votos a favor de Lasso, e ainda faltam 2,9% das urnas a serem apuradas no país.

O partido indigenista Pachakutik acusa toda a classe política tradicional de estar envolvida na suposta fraude para impedir Pérez que chegar ao segundo turno.

O mais estranho é que o principal alvo do protesto não é o atual governo, e sim Rafael Correa, opositor ao governo de Lenín Moreno e que sequer está no país – o ex-presidente vive em asilo político na Bélgica desde 2018, pois responde a mais de 5 processos judiciais contra si no Equador, e alega ser alvo de lawfare.

Por sua parte, o correísmo considera as acusações de Pérez “absurdas”, e já planejam a estratégia de Andrés Arauz para o segundo turno.

Em entrevista exclusiva à Fórum, o deputado reeleito Pabel Muñoz, dirigente correísta e ex-ministro do Planejamento, afirmou que o resultado das urnas representa um triunfo da Revolução Cidadã. No último período, ele atuou como coordenador da bancada da RC na Assembleia Nacional.