"Espero continuar nosso diálogo", diz Scholz, provável sucessor de Merkel, a Lula

Enquanto no Brasil, a mídia liberal silenciou sobre o encontro de Lula com o provável novo chanceler alemão, agência Deutsche Welle lembrou dos "laços históricos" e da ignorância de Bolsonaro, que não sabia quem era Scholz na reunião do G20

Lula se reúne em Berlim com Olaf Scholz, vencedor da última eleição na Alemanha e provável sucessor de Merkel (Foto: Ricardo Stuckert)
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Comandando as negociações para a formação de uma coalizão de governo que deve tê-lo como chanceler após a vitória nas eleições da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz celebrou nas redes sociais a reunião com Lula (PT) e afirmou que espera "continuar o diálogo" com o petista, que lidera as intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022 no Brasil.

Olaf Scholz: saiba quem é o social-democrata que deve suceder Angela Merkel na Alemanha

"Estou muito satisfeito com nossa boa conversa e espero continuar nosso diálogo", escreveu Scholz no Twitter, compartilhando publicação do ex-presidente brasileiro. Ele deve suceder a atual chanceler alemã, Angela Merkel.

Em seu tuite, Lula diz que a "agradável conversa" teve como foco "a formação de um novo governo e sobre a importância de fortalecer a cooperação Brasil Alemanha".

https://twitter.com/OlafScholz/status/1459448188071464962

Nas redes, o silêncio da mídia liberal brasileira sobre o encontro do primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto com o provável chanceler da maior economia da Europa gerou revolta.

Já a agência alemã Deutsche Welle deu destaque ao encontro lembrando que "o PT e SPD [partido de Scholz] mantêm laços há décadas e Lula manteve relações amistosas com figuras históricas da legenda alemã como Willy Brandt, Gerhard Schröder, Johannes Rau e Helmut Schmidt".

A DW ainda afirmou que "o encontro de Lula com Scholz contrasta com um recente incidente entre o político social-democrata e o presidente Jair Bolsonaro".

"No final de outubro, Scholz foi ignorado por Bolsonaro durante uma reunião do G20, em Roma. Na ocasião, durante uma recepção geral para todos os líderes do G20 presentes, Bolsonaro conversou rapidamente com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Na mesma roda, estava Olaf Scholz. Bolsonaro, aparentemente não sabendo quem era Scholz, ignorou completamente o alemão. Pouco depois, enquanto Bolsonaro reclamava da mídia brasileira e trocava observações banais com Erdogan, Scholz virou as costas e foi falar com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. A indelicadeza não passou despercebida pela imprensa e foi usada como um exemplo do isolamento e do comportamento errático de Bolsonaro durante seu giro pela Itália", diz a DW.

Outros encontros em Berlim

Mais cedo em Berlim, Lula havia se reunido com as deputadas Yasmin Fahimi e Isabel Cadermatori. As duas foram eleitas em setembro pelo SPD.

Na ocasião, eles conversaram sobre a situação política na Europa e no Brasil, diante das perspectivas de formação de um novo governo da SPD na Alemanha, que Lula apontou como “a mais recente vitória da democracia no mundo”.

Ainda nesta sexta-feira (12), o ex-presidente esteve com Martin Schulz, ex-líder do SPD e ex-presidente do Parlamento Europeu.

“Importante liderança da social democracia alemã e um companheiro das horas mais difíceis, a quem sou grato por ter feito questão de ir até o Brasil me visitar quando estava preso em Curitiba”, escreveu o petista ao postar uma foto com o político europeu.

França, Bélgica e Espanha

A agenda de Lula na Europa seguirá com a participação do petista em um debate no Parlamento Europeu, na Bélgica, e reuniões com lideranças progressistas

Depois, o ex-presidente vai à França, onde será o principal conferencista em um evento do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). A conferência acontece dez anos depois de Lula ter sido o primeiro líder latino-americano a receber o título de Doutor Honoris Causa da instituição, uma das mais respeitadas do mundo. 

Ainda em solo francês, o ex-metalúrgico será agraciado com o prêmio Coragem Política 2021, concedido pela revista Politique Internationale, por sua gestão “marcada pelo desejo de promover a igualdade”, e se reunirá com a prefeita da capital Paris, Anne Hidalgo.

A viagem será finalizada na Espanha, outro país em que Lula terá reuniões com lideranças políticas e participará de eventos.